Entidades do agronegócio, indústria e serviços reagem à decisão do Carrefour na França

Representantes dos setores produtivos sugerem o boicote à venda de carne à filial brasileira depois que a matriz do grupo francês rejeitou a carne de países do Mercosul

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Por Redação

Entidades do agronegócio, da indústria, do setor de serviços e o governo brasileiro estão reagindo à decisão do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, de não vender carnes do Mercosul na França. O anúncio foi feito nas redes sociais em mensagem endereçada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA). Na publicação, a rede varejista se comprometeu a parar de vender carnes do bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Em carta assinada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Sociedade Rural Brasileira (SRB) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as seis entidades afirmaram que se o grupo Carrefour entende que o Mercosul não é fornecedor à altura do mercado francês — que não é diferente do espanhol, belga, árabe, turco, italiano —, elas consideram que, o bloco não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país, sugerindo suspensão no fornecimento local.

Lojas do Carrefour no Brasil podem ser afetadas por boicote de produtores, após decisão de CEO Global da empresa dizer que não venderá mais carne do Mercosul na França Foto: Carrefour Brasil/Divulgação

Essa também é a visão do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR). Ele defende que o setor de proteínas pare de fornecer carnes ao Carrefour e demais marcas do grupo no Brasil. “Sugiro, e já conversei com as entidades produtores de proteína, que parem de entregar seus produtos para o Carrefour e demais marcas dessa empresa aqui no Brasil, para que eles entendam o que é respeitar o produtor rural brasileiro”, afirmou Lupion, em vídeo na sexta-feira, 22.

Desconhecimento e protecionismo

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Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), a declaração de Bompard “demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro, que é altamente sustentável e que conta com tecnologia inclusive sequestrando CO2″, afirmou a entidade em nota.

A Faesp lembrou que a carne bovina é um dos principais produtos de exportação do Brasil e acrescentou que vai trabalhar para reverter essa decisão. Em vídeo, o presidente da Faesp, Tirso Meirelles, disse que o momento é de “perplexidade”.

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Ele lembrou um episódio recente no qual a Danone, outra empresa francesa, cuja direção na França disse, segundo Meirelles, que não compraria mais soja do Brasil porque o grão seria produzido em áreas de desmatamento. É uma avaliação errada, frisou o presidente da Faesp, porque “a soja brasileira é produzida com sustentabilidade e responsabilidade ambiental”. Tanto é que a Danone voltou atrás, afirmou em vídeo.

O ministro da Agricultura brasileiro, Carlos Fávaro, vem reagindo com veemência ao movimento francês. Ele endossou o posicionamento de entidades do setor produtivo e da indústria brasileira de carnes, que sugeriram o não fornecimento de carnes ao Carrefour também no Brasil, após a suspensão da compra de proteínas do Mercosul pelas unidades francesas do grupo.

Serviços

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários de hotelaria e de alimentação fora do lar a se engajarem em um boicote ao Carrefour, até que a rede mude oficialmente o posicionamento quanto à venda de carne proveniente do Mercosul em suas lojas na França.

“Somos mais de 500 mil empresas, apenas no Estado de São Paulo, que deixarão de comprar do Carrefour, enquanto insistir em desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente. Solicitamos o engajamento e a adesão das empresas de hotelaria e de alimentação neste movimento, até que a varejista volte atrás neste posicionamento errôneo e desrespeitoso”, informou a Fhoresp, em nota.

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