SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff admitiu, em discurso no Rio de Janeiro, que a política anticíclica feita após a crise internacional de 2008 sacrificou as contas públicas. Dilma explicou que a base desta política foi baseada na oferta de crédito subsidiado e desonerações fiscais.
"Nós esgotamos todos os nossos recursos de combater a crise", disse a presidente. "Trouxemos para as contas públicas e Orçamento de União os problemas que, de outra forma, recairiam sobre a sociedade e os trabalhadores. (...) Agora temos que usar outros instrumentos de combate", falou Dilma, explicando o ajuste fiscal. Segundo Dilma, a sociedade se livrou de um "elevadíssimo desemprego" e de "uma redução violenta da taxa de crescimento".
A presidente voltou a usar a analogia do orçamento doméstico para explicar o corte de gastos implantado pela nova equipe econômica neste segundo mandato e para falar em retomada do crescimento. O governo já começa a discutir a segunda fase do ajuste fiscal, tentando mostrar que o ajuste fiscal inclui corte de gastos e aumento de imposto, mas também a retomada do crescimento.
"Estamos fazendo o que todo mundo faz na sua casa: reajustando as contas para seguir crescendo. Acreditamos que isso se dará nos próximos meses, chegando ao final do ano", prometeu Dilma, que disse ainda que o País está passando por um momento de dificuldades, mas tem bases sólidas.
Para justificar seu raciocínio, a presidente disse, ao inaugurar terminais privados no porto do Rio, que nenhum empresário investe tanto em um País se ele não tem condições de crescer. "Ajustes visam fortalecer nossos fundamentos econômicos. Melhorar as contas públicas faz com que o governo melhore desempenho", defendeu Dilma, que fez questão de falar em busca de investimentos produtivos e foco em programas sociais.
A presidente Dilma participa da inauguração da primeira etapa das obras de expansão do porto do Rio, com entrega de terminais privados. A volta de Dilma a Brasília deve acontecer no início da tarde. A presidente tem audiências marcadas a partir das 15h30. A primeira delas é com o ministro Aloizio Mercadante.
Parceria. Dilma falou sobre as parcerias entre o governo e o setor privado que permitiram, por exemplo, a inauguração de terminais feita no porto do Rio na manhã desta quinta-feira. Dilma defendeu que, para o empresário, "dar previsibilidade é crucial" e que as parcerias geram um "círculo virtuoso".
Dilma listou alguns desses projetos, como a abertura do processo de concessão da Ponte Rio-Niterói, marcada para o dia 18, além de intervenções no setor portuário. Segundo Dilma, são 38 investimentos totalizando R$ 1 bilhão, além de 27 pedidos em carteira em um total de R$ 11,2 bilhões. Neste ponto, a presidente falou da importância das mudanças do marco regulatório que, segundo ela, permitiram a expansão do investimento privado. Parcerias entre os níveis de governo também foram citadas.
No final de seu discurso, Dilma falou sobre as pessoas que, nos governos do PT, deixaram a pobreza e chegaram à classe média. Segundo números da presidente, 44 milhões de brasileiros chegaram à classe média, 36 milhões saíram da pobreza.
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