Boeing demite chefe do programa dos 737 após avião perder porta em pleno voo

Enfrentando a maior crise de reputação desde dois acidentes mortais envolvendo aviões Max 8 em 2018 e 2019, empresa perdeu cerca de US$ 27 bi em valor do mercado após acidente em janeiro

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Por Redação

A Boeing anunciou na quarta-feira, 21, a demissão de Ed Clark, o chefe de seu programa de jatos 737. O anúncio ocorre semanas depois que um painel de porta explodiu em um voo sobre Oregon, reacendendo dúvidas sobre segurança na empresa. Clark estava na empresa havia quase 18 anos e liderava o programa 737 desde o início de 2021.

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Ele supervisionou a fábrica em Renton, Washington, nos Estados Unidos, onde ocorreu a montagem final do 737 Max 9 da Alaska Airlines envolvido no acidente do mês passado. Investigadores federais disseram que os parafusos necessários para manter o painel, chamado plugue de porta, no lugar desapareceram após reparos no avião.

Katie Ringgold, vice-presidente encarregada da entrega de 737 às companhias aéreas, sucederá Clark como vice-presidente e gerente geral do programa 737 e da fábrica de Renton, de acordo com um e-mail enviado a funcionários de Stan Deal, CEO da divisão de aviões comerciais da Boeing.

Executivo supervisionava a fábrica em Renton, Washington, onde ocorreu a montagem final do 737 Max 9 da Alaska Airlines envolvido no acidente do mês passado.  Foto: REUTERS/Lindsey Wasson/Arquivo

A empresa anunciou diversas outras mudanças, incluindo a nomeação da executiva de longa data Elizabeth Lund para o novo cargo de vice-presidente sênior de qualidade de aviões comerciais.

Os movimentos são parte de um “foco aprimorado da empresa em garantir que cada avião que entregamos atenda ou exceda todos os requisitos de qualidade e segurança”, Deal disse em um e-mail enviado à equipe. “Nossos clientes demandam, e merecem, nada menos que isso.”

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A queda da porta

A explosão de um plugue de porta de um avião Max 9 da Alaska Airlines, em janeiro, provocou um maior escrutínio da Boeing por parte dos reguladores, do Congresso dos Estados Unidos e das companhias aéreas.

A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) suspendeu todos os Max 9 nos EUA por cerca de três semanas para inspeções dos painéis das portas de emergência, e a agência está limitando a produção da Boeing até que outras questões de qualidade sejam resolvidas. O administrador da FAA, Mike Whitaker, disse que a Boeing não está prestando atenção suficiente à segurança enquanto tenta construir mais aviões para atender à demanda das companhias aéreas.

Os CEOs da Alaska Airlines e da United Airlines — as duas companhias aéreas dos EUA afetadas pela suspensão da aeronave Max 9 — expressaram indignação e frustração com a empresa. Eles perguntaram o que a Boeing pretende fazer para melhorar a qualidade de sua fabricação.

“Nós causamos o problema e entendemos isso”, disse David Calhoun, CEO da Boeing, em 31 de janeiro. “Entendemos porque eles estão irritados e trabalharemos para ganhar sua confiança.”

Calhoun disse que a empresa aumentou as inspeções nas suas fábricas e nos fornecedores, nomeou um almirante reformado da Marinha para rever a gestão da qualidade e fechou a linha de montagem do 737 por um dia para que os trabalhadores pudessem discutir qualidade e segurança.

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As críticas à Boeing atingiram níveis nunca vistos desde dois acidentes mortais envolvendo aviões Max 8 na Indonésia e na Etiópia em 2018 e 2019. Os acidentes mataram 346 pessoas e levaram à destituição do então CEO da Boeing.

As ações da The Boeing Co., com sede em Arlington, Virgínia, fecharam em queda de 1% na quarta-feira. Eles perderam 19% — e cerca de US$ 27 bilhões em valor do mercado de — desde o acidente./Associated Press.

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