As famílias das vítimas de dois acidentes aéreos envolvendo aviões Boeing 737 Max pediram ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos na última quarta-feira, 19, a aplicação de uma multa de US$ 24,8 bilhões (cerca de R$ 135,3 bilhões) à Boeing, pelo “crime corporativo mais mortal na história dos Estados Unidos”, como definiu Paul Cassell, advogado das famílias, em carta enviada ao Departamento. As famílias também demandaram que os responsáveis sejam processados. O valor é “justificado e claramente apropriado”, dados os “enormes custos humanos dos crimes da Boeing”, destacou o advogado. As informações são da BBC.
Dois acidentes separados envolvendo aeronaves 737 Max mataram 346 pessoas: em outubro de 2018, todos os 189 passageiros de um voo da Lion Air morreram depois que a aeronave caiu no mar, 13 minutos após decolar de Jacarta, na Indonésia; em março de 2019, os 157 passageiros a bordo de um voo da Ethiopian Airlines morreram quando o avião caiu, seis minutos após a descolagem de Adis Abeba, capital da Etiópia. Ambos os acidentes estavam ligados a sistemas de controle de voo defeituosos.
A BBC teve acesso à carta de 32 páginas, em que Cassell, o advogado das famílias das vítimas, diz que o governo dos Estados Unidos deveria processar os líderes da empresa. A carta cita o pedido de desculpas do presidente executivo da Boeing, Dave Calhoun, na terça-feira, 18, enquanto ele prestava depoimento ao Congresso. “Peço desculpas pela dor que causamos”, disse Calhoun ao ser questionado por familiares das vítimas dos acidentes. Na ocasião, ele também reconheceu que a empresa cometeu erros e disse que “aprendeu” com o passado. Calhoun reconheceu que a Boeing retaliou denunciantes dentro da empresa, mas também disse que ele “ouviu” esses funcionários.
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A BBC ressalta que o Departamento de Justiça está considerando a possibilidade de reaver uma acusação criminal de fraude contra a Boeing apresentada em 2021, que estava relacionada aos dois acidentes. A acusação estava parada desde que a empresa reconheceu em um acordo que havia enganado os reguladores de segurança aérea sobre aspectos do 737 Max, além de prometer criar um novo sistema de conformidade para detectar e prevenir novas fraudes.
No mês passado, no entanto, os promotores determinaram que o acordo foi violado após um plugue de porta de um avião 737 Max se soltar durante um voo da Alaska Airlines no dia 5 de janeiro. O Departamento de Justiça tem até 7 de julho para decidir se reativa o caso.
Em sua carta, Cassell disse que seus clientes recomendaram que o departamento ordene que uma parte de qualquer multa futura seja usada para criar um monitor independente das medidas de segurança e conformidade da empresa, afirma a BBC.
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