O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, anunciou que "novas prisões" estão sendo executadas por causa de atos de violência por "grupos estranhos" à mobilização dos caminhoneiros, em greve há dez dias. O ministro não especificou, no entanto, quantas novas pessoas foram presas, nem onde, citando apenas um caso de detenção depois de imagem divulgada na imprensa.
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Etchegoyen assegurou que "os nossos caminhoneiros serão protegidos" e que homens de todas as forças federais serão colocados nas estradas para dar segurança à categoria. Ele ainda admitiu que o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que vale até o dia 4 de junho, poderá ser prorrogado "na medida da necessidade".
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Embora não tenha detalhado as novas prisões ocorridas, o ministro fez questão de informar que foi preso o homem visto em vídeo divulgado pela imprensa agredindo motorista de cegonheira que vestia camisa vermelha e tentava passar por bloqueio. O ministro se referia a um episódio de violência registrado na terça-feira na BR-153 em Miranorte, na região central do Tocantins. Nas imagens, é possível ver que o caminhoneiro teve a roupa rasgada e recebeu socos. "Estamos trabalhando na identificação e chegando aos responsáveis (pelas violências)", disse o ministro. Na terça-feira, sete pessoas já haviam sido presas em atos semelhantes, no Maranhão. O ministro disse que não poderia dar mais detalhes do que está sendo feito para não atrapalhar o trabalho de identificação dos agressores.
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Diante dos episódios violentos, o governo vai definir um número de WhatsApp para que sejam apresentadas novas denúncias de violência e enviados vídeos e fotos dos casos, para que as forças policiais possam agir e decretar a prisão delas.
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Na entrevista coletiva, Etchegoyen pediu "responsabilidade" às mães, para que não levem crianças às estradas para mobilizações que optaram pela violência e pediu aos caminhoneiros que "não se deixem intimidar porque as forças de segurança estarão presentes para protegê-los. "Vamos atuar com a energia que se fizer necessária", avisou ele. "Repito para aqueles que nos ouvem, nos veem, para chamar a razão para que as coisas voltem ao limite da civilidade porque limites foram rompidos, não pelos caminhoneiros e nem pelo governo, e vamos defender a sociedade e caminhoneiros", emendou. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, por sua vez, disse que o que se viu foi um "espetáculo degradante", e fez um apelo "à sociedade que nos ajude a evitar essa violência", que chamou de "violência política".
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O pedido à cooperação da população com informações de bloqueio ou violência foi feito, segundo o ministro Etchegoyen, porque "nem a Polícia Militar, nem a Polícia Rodoviária Federal, nem as Forças Armadas conseguem estar em todos os pontos onde alguém resolva fazer uma violência", declarou ele, acrescentando que "a situação começa a voltar à normalidade, em muitos pontos". O ministro lembrou ainda que o governo está usando todos os protocolos para praticar o exercício da autoridade, ressalvando que "emprego da força não é exercício da violência".
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Balanço. Na entrevista, Etchegoyen disse que, naquele momento, só existiam dois pontos de obstrução total no País, que existiam interrupções parciais e que estavam "tratando para demovê-los. "Atingimos 52% da normalidade", afirmou o chefe do GSI. "Não temos tudo que gostaríamos. Mas é compreensível porque o processo para repor estoques é lento", observou. "As notícias de hoje são que caminham para a normalidade, avançam para a normalidade", prosseguiu ele, citando que "não temos mais movimento de caminhoneiros, mas, sim, ações com uso de violência contra os caminhoneiros".
Jungmann informou que o efetivo das Forças Armadas empregado para dissolver bloqueios e ajudar na retomada do abastecimento chega a 20 mil militares que, somados aos dez mil da Polícia Rodoviária Federal e aos mil da Força Nacional de Segurança Pública, são praticamente quase 30 mil mobilizados. Ele disse ainda que, fora este número, estão ainda o pessoal da Polícia Federal e das polícias estaduais, que também estão nesse trabalho. Há ainda, segundo o ministro, 800 motoristas das Forças Armadas atuando nas estradas.
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