WASHINGTON - O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos acusou nesta segunda-feira, 30, hackers patrocinados pelo governo da China de invadir seus servidores, obtendo acesso às estações de trabalho de funcionários do governo e a documentos do órgão, informou o governo Biden. O anúncio foi feito após a revelação, nos últimos meses, de que a China havia adentrado profundamente nos sistemas de telecomunicações dos EUA, com acesso a conversas telefônicas e mensagens de texto de funcionários americanos e outros.
Em uma carta informando aos legisladores sobre o episódio, o Departamento do Tesouro disse que havia sido notificado em 8 de dezembro por uma empresa terceirizada de serviços de software, a BeyondTrust, de que o hacker havia obtido uma chave de segurança que lhe permitia conseguir acesso remoto a determinadas estações de trabalho do Tesouro e aos documentos nelas contidos.
“Com base nos indicadores disponíveis, o incidente foi atribuído a um agente de Ameaça Persistente Avançada (APT) patrocinado pelo Estado chinês”, diz a carta. “De acordo com a política do Tesouro, as intrusões atribuíveis a uma APT são consideradas um incidente grave de segurança cibernética.”
O Departamento do Tesouro disse ter trabalhado com o FBI, a comunidade de inteligência e outros investigadores para determinar o impacto da violação. O serviço comprometido foi retirado do ar, e não há evidências de que o agente estatal chinês ainda tenha acesso às informações do Tesouro, disse o departamento.
Em um comunicado, um porta-voz do Tesouro disse que o departamento levava muito a sério as ameaças contra seus sistemas e os dados que eles contêm, e que continuaria a trabalhar com o setor privado e as agências governamentais para proteger o sistema financeiro contra hackers.
O Departamento do Tesouro não esclareceu quando o episódio ocorreu, mas disse que revelaria mais detalhes em um próximo relatório ao Congresso.
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Funcionários do Tesouro foram até a China no início deste mês
As autoridades chinesas há muito tempo negam qualquer papel do governo no hacking e estabeleceram diálogos com os Estados Unidos para trabalharem juntos na segurança cibernética. No início deste mês, funcionários do Departamento do Tesouro viajaram para a China para uma rodada de reuniões de seus grupos de trabalho econômicos e financeiros, que abrangem a colaboração em questões de segurança cibernética.
Relatórios recentes de uma violação separada dos sistemas de telecomunicações dos EUA por um grupo de hackers chinês, apelidado de Salt Typhoon, levantaram preocupações sobre a vulnerabilidade dos sistemas dos EUA.
A equipe de segurança cibernética da Microsoft descobriu esse hacking neste verão, que teve como alvo as redes da AT&T, Verizon e Lumen. Isso deu ao Salt Typhoon, um grupo que se acredita estar intimamente ligado ao Ministério de Segurança do Estado da China, acesso a conversas mantidas por Donald Trump e JD Vance, entre outros americanos.
Os hackers do Salt Typhoon também obtiveram uma lista quase completa de números de telefone que o Departamento de Justiça grampeou para monitorar pessoas suspeitas de crimes ou espionagem, dando ao governo chinês uma visão dos espiões chineses que os Estados Unidos identificaram.
Em resposta a essa violação, o Departamento de Comércio disse no início deste mês que proibiria as poucas operações remanescentes da China Telecom, uma das maiores empresas de comunicação do país, de entrar nos Estados Unidos.
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