BRASÍLIA - A expansão da capacidade do aeroporto de Congonhas (SP) pedida pela Infraero adicionaria de 3 a 4 movimentos por hora no terminal, que hoje opera com 32 a 33 pousos e decolagens por hora na aviação comercial, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. O governo tem pressa para receber a autorização antes do leilão do terminal, previsto para agosto, mas Gol e Latam falam em infraestrutura “bastante saturada”.
Por considerar que a expansão solicitada agora seria modesta, o governo acredita que os últimos investimentos realizados pela Infraero, estatal que administra Congonhas, já seriam suficientes para suportar um aumento de movimentação no aeroporto. A avaliação também é feita pela Infraero.
Já a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que representa companhias como Gol e Latam, afirma que a expansão de voos só deveria ocorrer após “investimentos significativos” no terminal de passageiros do aeroporto. Em nota, a entidade afirmou que entende o aumento de quantidade de pousos e decolagens no aeroporto como totalmente seguro devido aos recentes investimentos na pista principal, mas ressalvou a situação no terminal de passageiros, que deveria receber melhorias antes da expansão.
Para a Infraero, no entanto, os investimentos já feitos são suficientes para a expansão dos voos. Além de melhorias no terminal de passageiros, fontes destacam outros projetos, como a reforma da pista principal, concluída no fim de 2020, e o novo sistema e estrutura para voos internacionais de aviação executiva, que contou com R$ 222 milhões do governo.
Com a concessão do aeroporto, haverá espaço para esse número crescer ainda mais em razão dos investimentos previstos no projeto, que abrem caminho para o ativo registrar 44 movimentos por hora. O projeto prevê investimentos na casa de R$ 3,3 bilhões.
O pedido de aumento de capacidade está em análise pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Segundo apurou o Estadão/Broadcast, ainda não há data definida para o órgão decidir sobre o pedido da Infraero, uma vez que a estatal ainda precisa enviar mais informações para basear a decisão da Anac. A expectativa, por sua vez, é de que os dados restantes sejam apresentados pela administradora de Congonhas em agosto.
A expansão de voos no aeroporto é debatida há tempos no setor e, nos bastidores, é marcada por uma animosidade entre as empresas. O aumento de pousos e decolagens abre espaço para outras companhias, como a Azul, aumentarem suas operações no terminal, onde Gol e Latam são dominantes.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que tem as duas companhias como associadas, afirmou em nota que entende que o aumento de quantidade de pousos e decolagens só deveria ocorrer após “investimentos significativos no terminal de passageiros”. A Abear, que não representa a Azul desde 2019, alega que os aprimoramentos são necessários porque a infraestrutura atual para embarque e desembarque estaria “bastante saturada” em horários de pico.
Em tom crítico, o CEO da Latam no Brasil, Jerome Cadier, foi ao LinkedIn nesta semana para dizer que o movimento da Infraero “provavelmente” se daria pelo desejo do governo de aumentar a atratividade para os investidores no leilão de agosto.
Técnicos que acompanham as discussões, no entanto, discordam dessas avaliações. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o diagnóstico é de que não há nenhum estudo apontando que o estado do terminal de passageiros seria um impeditivo ao aumento de capacidade de Congonhas. Todos os fatores envolvendo a possível expansão do terminal estão sendo avaliados dentro da Anac, que entende como importante um aumento da concorrência no aeroporto.
Outra questão apontada por técnicos é que, caso ajustes na infraestrutura ainda precisem ser realizados, a Infraero teria até março do ano que vem para fazê-los, visto que a expansão, se aprovada, valeria apenas para a próxima temporada.
Apesar da solicitação da Infraero ter chegado antes de a Anac aprovar as novas regras de distribuição de slots em Congonhas, a recente deliberação da agência esquentou ainda mais o debate sobre a expansão do aeroporto. De acordo com relatório do BTG Pactual, após a mudança aprovada no início de junho, há espaço para a Azul atingir mais de 80 slots (autorizações para pousos e decolagens) em Congonhas (dos atuais 41) até 2023, aumentando sua participação de mercado no aeroporto de 7% para cerca de 15%.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a Infraero enviou mais informações nesta semana à Anac, mas ainda faltam outros dados. Um deles é a atualização do plano de zoneamento de ruído, no qual a estatal ainda trabalha, aproveitando a fase de alta temporada registrada em julho para realizar as medições.
Procurada, a Anac afirmou que o pedido está em análise e que a agência ainda aguarda informações que foram solicitadas à Infraero sobre infraestrutura aeroportuária e segurança operacional.
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