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Expectativa de que juros demorem a ceder reforça aposta em renda fixa

Manutenção da Selic em 13,75% anunciada pelo Banco Central favorece investimentos especialmente em títulos pós-fixados, segundo especialistas

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Foto do author João Scheller
Atualização:

A manutenção da Selic pelo Banco Central em 13,75%, anunciada nesta quarta-feira, 1º, em meio às críticas do governo Lula ao atual patamar da taxa básica de juros e ao aumento das expectativas sobre a inflação, reforça as recomendações de investimentos em renda fixa, especialmente nos títulos pós-fixados. Esses investimentos ficam favorecidos porque acompanham a alta da Selic, apontam especialistas ao Estadão.

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“Esses investimentos são, normalmente, indicados para reserva de emergência ou para planos que não possuem uma data certa para se concretizar”, explica Camilla Dolle, Head de Renda Fixa da XP Investimentos. São exemplos os CDBs pós-fixados, o Tesouro Selic e os fundos DI.

Em geral, o mercado espera que o ano encerre com uma taxa de juros de 12,5%, como estimou o último Boletim Focus do BC, ainda que as projeções possam variar de 10% a 14,75% em outras pesquisas.

De qualquer maneira, os juros não devem descer tão cedo, na avaliação de Rodrigo Cabraitz, especialista em alocação de ativos da Principal Claritas, gestora de investimento. Por isso, as aplicações pós-fixadas indexadas ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) também são opções interessantes, segundo ele.

O especialista indica também as NTN-Bs, conhecidas como Tesouro IPCA+, que pagam uma taxa de juros prefixada com rentabilidade indexada à inflação. “IPCA + 6% ou IPCA + 6,5% são opções bastante atrativas”, afirma o especialista. Esses investimentos são indicados para planos de médio a longo prazo, aponta Camilla.

Fachada do Banco Central, em Brasília. Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou nesta quarta a manutenção da Selic em 13,75%  Foto: Dida Sampaio/Estadão - 03/12/2021

Entre os principais investimentos de renda fixa, o CDB 110% foi aquele com maior ganho real, descontada a inflação de 5,74% (como prevista pelo Boletim Focus do BC), como mostram os cálculos de Fábio Gallo, professor de Finanças da FGV-SP.

Com uma aplicação de R$ 1 mil, o investidor terá o retorno líquido de R$ 121,00, com ganho real de R$ 56,65. O ganho é mais de três vezes maior do que o da poupança com rentabilidade bruta de 8% ao ano, que teria, nas mesmas condições, ganho real de R$ 18,01.

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Em relação aos prefixados, Camilla alerta que é preciso mais cuidado, já que o mercado projeta uma taxa de juros alta por mais tempo. Nesse caso, o investidor precisa se atentar ao prazo e preferir vencimentos mais curtos, de até quatro anos. “Quanto mais curto o prazo, menos oscila. É importante o investidor entender bem a relação risco-retorno”, afirma.

Oscilações com o início do governo

Nos últimos meses, as taxas de renda fixa tiveram alta movimentação, refletindo o risco fiscal, especialmente após as eleições. Camilla reforça que essas oscilações, comuns no início de um novo governo, devem continuar. “Os que mais devem sofrer são os títulos mais longos e os prefixados”, aponta. Isso não quer dizer, no entanto, que esses investimentos não devam fazer parte da carteira, mas que é preciso compreender os riscos antes da aplicação.

Os investidores também devem ficar atentos às decisões que podem influenciar os seus próximos passos, especialmente aquelas relacionadas à reforma tributária e ao arcabouço fiscal, alerta Cabraitz.

Já para os investidores de renda variável, as melhores opções devem girar em torno de empresas com maior fluxo de caixa, aponta o sócio e analista da Finacap Investimentos, Felipe Moura.

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“Essas empresas geralmente tendem a distribuir muitos dividendos para os acionistas e aí você naturalmente garante um fluxo de caixa”, explica, citando o caso da Petrobras, que fechou o ano de 2022 pagando mais de 50% de dividendos, somando seus proventos.

“Naturalmente essas empresas que têm alto fluxo de caixa, alta geração de caixa e baixo endividamento tendem a sofrer menos e também empresas com fluxo de caixa mais previsível, como as empresas de energia elétrica”, explica Moura.

Neste cenário, empresas de crescimento, que são aquelas que geram expectativas no mercado de que darão lucros no futuro, tendem a ser as mais afetadas em um cenário de manutenção da taxa de juros. Um exemplo são as empresas de tecnologia, que vem sofrendo muito, especialmente nos EUA, que tem trabalhado com a elevação na taxa de juros nos últimos meses.

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