As exportações da China aumentaram em maio no ritmo mais rápido em mais de um ano, informou o governo na sexta-feira, 7. O avanço ocorre à medida que uma enxurrada de eletrodomésticos, carros e eletrônicos saía das fábricas chinesas e aumentava a perspectiva de uma reação global.
O valor das exportações da China aumentou 7,6% em comparação com maio de 2023, mesmo com a queda dos preços de muitos produtos manufaturados que saem do país.
A China está construindo rapidamente novas fábricas e expandindo as existentes como parte de uma estratégia nacional. Mas os gastos das famílias chinesas estão fracos, devido a uma queda longa e cada vez mais acentuada nos preços de seus apartamentos.
Grande parte da produção extra das fábricas está sendo exportada. Com menos famílias chinesas comprando novos apartamentos, menos eletrodomésticos são vendidos no país, por exemplo. O governo informou que o valor das exportações de eletrodomésticos aumentou 18,3% em maio em comparação com o mesmo mês do ano anterior. E como a demanda está muito fraca na China, os preços dos eletrodomésticos caíram. O número real de eletrodomésticos exportados no mês passado aumentou 27,8%.
O superávit comercial da China, a diferença entre o que o país ganha vendendo mercadorias para o mundo e o que gasta com importações, aumentou em maio para US$ 82,6 bilhões (R$ 439 bilhões). Esse valor subiu 25,6% em relação ao ano anterior. Foi o maior de todos os tempos em maio e um dos meses mais altos de todos os tempos, exceto durante a pandemia, quando a China exportou grandes quantidades de equipamentos médicos, equipamentos de ginástica e outros produtos manufaturados.
O superávit comercial da China tende a ser baixo em maio e muito mais alto no final do ano, quando seus exportadores fornecem produtos para a temporada de Natal.
A quantidade de muitas exportações, não apenas de eletrodomésticos, tem aumentado mais rapidamente do que seu valor. Um número maior de contêineres cheios de mercadorias estão saindo da China, enquanto menos retornam com importações. Isso cria um problema para as companhias de navegação, que estão ficando sem contêineres na China.
O valor das importações da China aumentou apenas 1,8% em maio.
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As empresas chinesas estão começando a enfrentar mais barreiras comerciais. Em 14 de maio, o presidente americano Joe Biden aumentou as tarifas sobre cerca de 4% das exportações da China para os Estados Unidos. Espera-se que a União Europeia decida, já nos próximos dias, se vai impor tarifas sobre as exportações de carros elétricos da China. Países em desenvolvimento como o Brasil e a Índia também estão tomando medidas para proteger suas fábricas e trabalhadores industriais da concorrência chinesa.
A China informou na semana passada que o valor das exportações de caminhões e carros aumentou 16,3% em maio em relação ao ano anterior. A divisão entre carros movidos a gasolina, carros elétricos e caminhões a diesel é normalmente divulgada no final do mês.
O aumento das tarifas ainda não parece ter prejudicado muito as exportações da China, e pode até ajudar no curto prazo. Algumas empresas chinesas se apressaram em enviar mercadorias para mercados emergentes na América Latina e em outros lugares antes que as tarifas entrem em vigor.
No ano passado, a China intensificou as exportações para o Vietnã e México, onde os produtos podem ser reprocessados e depois enviados para os Estados Unidos ou para a Europa com tarifas baixas ou sem tarifas. Essas rotas comerciais mais complicadas, juntamente com a fraqueza da taxa de câmbio da moeda chinesa, podem reduzir a eficácia das tarifas, disse a Capital Economics, uma empresa de pesquisa.
“Mesmo quando as tarifas estiverem em vigor, seu impacto poderá ser atenuado por meio de redirecionamento do comércio e ajustes na taxa de câmbio”, disse a empresa em uma nota de pesquisa.
Os superávits crescentes da China estão ajudando a compensar uma economia doméstica fraca.
A relutância dos consumidores chineses em gastar é facilmente visível nas ruas de Xangai e Pequim. Muitos restaurantes nas duas cidades estão vazios mesmo nas noites de fim de semana. As lojas têm poucos ou nenhum cliente, e os lojistas ficam parados, parecendo entediados. Os cosméticos de baixo preço fabricados na China estão espremendo as marcas estrangeiras mais caras, e as vendas de bebidas alcoólicas diminuíram à medida que os consumidores compram cerveja.
Os Estados Unidos informaram esta semana que seu déficit comercial aumentou significativamente em abril, chegando a US$ 74,6 bilhões (R$ 399 bilhões). O J.P. Morgan disse, em uma nota de pesquisa, que o déficit comercial do país provavelmente afetará seu crescimento econômico nesta primavera, reduzindo em quase um ponto porcentual a taxa de crescimento de abril a junho. A economia dos EUA cresceu a uma taxa anual de 1,3% nos primeiros três meses deste ano.
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