Que o Copom precisa elevar os juros na reunião desta quarta-feira, 18, já é um consenso no mercado. A maioria dos analistas aposta também que a primeira alta provavelmente vai ser gradual, como até avisou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ou seja, um aperto de 0,25 ponto porcentual, para 10,75%. Mas, se esse é o ritmo que as condições exigem para entregar uma inflação na meta de 3%, isso já é outra história.
Nos cálculos dos economistas mais experientes, levando-se em conta o balanço de riscos atual e os modelos de projeções do BC, o Copom precisaria aumentar a taxa Selic em um total de 1,5 ponto para garantir que a inflação irá convergir para a meta no horizonte relevante de política monetária. Mas, em um cenário com tantas incertezas externas e domésticas, conseguirá o Copom atingir esse objetivo a um ritmo de seis altas de 0,25 ponto da Selic? Ou seria melhor o BC comprar um seguro, acelerando o passo das elevações dos juros para 0,50 ponto em três altas?
É aí que entra outro ponto de grande atenção no desfecho da reunião do Copom desta quarta-feira, 18: o que irá sinalizar o comunicado sobre os próximos passos da política monetária. Se, por exemplo, o Copom decidir por uma primeira alta gradual da Selic, de 0,25 ponto, mas deixar em aberto – no comunicado que acompanhará a decisão – a possibilidade de acelerar o ritmo do aperto para 0,50 ponto na sua próxima reunião, o mercado ainda assim irá reagir positivamente. Bastaria o Copom dizer, no documento, que o tamanho da alta de juros na próxima reunião, em outubro, dependerá dos dados. Ou seja, não necessariamente outra alta de 0,25 ponto já estaria contratada.
Quem defende uma estratégia gradualista pelo Copom no ciclo de aperto monetário argumenta que o início dos cortes de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve vai tirar a pressão sobre o câmbio e, por tabela, ajudar os bancos centrais de países emergentes. No curto prazo, essa ajuda externa vai dar um alívio. Mas o BC deve mirar os vários fatores de pressão doméstica no médio prazo.
Primeiro, a economia brasileira está aquecida e operando acima do seu potencial, com a taxa de desemprego muito baixa e a massa salarial crescendo a um ritmo forte. Essa é uma fonte de pressão sobre os preços. Depois, a piora na percepção de risco nos gastos públicos, com a baixa credibilidade do arcabouço fiscal, empurra para cima as expectativas inflacionárias. Na encruzilhada entre o alívio de curto prazo e as pressões no médio prazo, faz sentido o Copom comprar um seguro e acelerar o ciclo de alta de juros.
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