A tecnologia avança numa velocidade que nem todos nós conseguimos acompanhar. Principalmente aqueles que se autodenominam “analógicos”, com pouca proximidade com o mundo dos bits e o tanto de siglas que são lançadas todos os dias.
Uma dessas novidades vem com a sigla “BaaS” (Bank as a Service) e está revolucionando os bancos – tal como conhecemos hoje.
Tanto que há quem se pergunte se os bancos vão acabar. A resposta mais objetiva é não, os bancos não irão acabar, mas estão passando por profundas modificações. BaaS é um modelo de negócio que permite que empresas de tecnologia ou outros tipos de organizações possam oferecer serviços tradicionalmente bancários a seus clientes sem que necessariamente se tornem uma instituição financeira licenciada para isso.
Essas empresas utilizam APIs (interface de programação de aplicações) para integrar os serviços bancários diretamente aos seus produtos ou plataformas, permitindo assim que sejam oferecidas contas bancárias, cartões de crédito e débito, empréstimos, transferências de dinheiro e outras soluções financeiras.
Traduzindo isso tudo, imagine uma loja de conveniências de posto de combustível que oferece pão de queijo, café, sorvete, refrigerante, produtos de limpeza, entre outras coisas, mas ela não fabrica nada daquilo. Na verdade, faz parcerias com fornecedores para poder vender os produtos facilitando a vida do consumidor. Um BaaS é tal como uma loja de conveniências do mundo digital, oferecendo produtos bancários, mas sem ser um banco. Um API é a ponte que une um BaaS com a instituição financeira, permitindo que diferentes programas de computadores se comuniquem entre si. Um exemplo é o caso do Uber e o State Bank of India, que fizeram uma parceria para fornecer financiamento de veículos para motoristas. Os motoristas parceiros interessados em trabalhar na plataforma Uber podem solicitar o financiamento, que será aprovado instantaneamente.
A expectativa de analistas é que o setor BaaS alcance algo como US$ 7 trilhões até 2030. Entre as vantagens do modelo de operação é potencial redução de custos, acesso mais amplo, o consumidor terá acesso mais fácil e intuitivo, mais rapidez, oferta de serviços mais personalizados, aumento da competitividade, entre outros aspectos. Mas, ao se colocar mais um intermediário nessa cadeia há riscos à segurança de dados e à privacidade, potencial aumento de fraudes, provedores desconhecidos, e pode complicar a atribuição de responsabilidades.
Aqui no País esse tipo de operação está com a sua regulamentação sendo estudada pelo Banco Central, mas com a expectativa de que essas diretrizes saiam ainda em 2024. A tendência é que os bancos se adaptem às novas dinâmicas de mercado.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.