A relação entre dinheiro e felicidade sempre nos atraiu. Questionar se possuir mais dinheiro permite que alguém seja mais feliz é algo muito comum e que gera muitos debates. Ter muito dinheiro significa que a pessoa seja mais feliz? Elon Musk – o cara mais rico do mundo – é a pessoa mais feliz do mundo? E o caso de Oprah Winfrey, a famosa apresentadora de TV, que nasceu em uma família pobre no Mississippi e hoje tem uma fortuna de US$ 2,8 bilhões: ela deixou de ser infeliz e agora tem extrema felicidade?
Falar sobre felicidade é sempre algo ousado. Algumas pessoas acham que isso é impossível por se tratar de algo de caráter pessoal e que adquire diferentes facetas conforme a pessoa. Afinal, cada um tem a própria concepção de felicidade.
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Obviamente discutir o que é ser feliz e a sua relação com dinheiro é algo bastante complexo. Por outro lado, é muito comum ouvirmos o ditado de que “dinheiro não compra felicidade”. Essa frase foi corroborada pelo estudo de 2010 realizado pelos ganhadores do prêmio Nobel Daniel Kahneman e Angus Deaton, com 450 mil entrevistados, concluindo que o grau de bem-estar é maior quanto mais alta é a renda, mas a felicidade se estabiliza no nível de renda anual de US$ 75.000. Outro estudo, de 2021, com mais de 33 mil entrevistados, conduzido Matthew Killingsworth, desmente estudos anteriores e diz que não existe o tal platô na renda anual e que “rendas mais altas estão associadas tanto a se sentir melhor no dia a dia quanto a estar mais satisfeito com a vida em geral”.
No entanto, Kahneman e Killingsworth resolveram revisitar suas pesquisas e publicaram em conjunto, em março de 2023, o artigo Income and emotional well-being: A conflict resolved. Uma primeira conclusão é de que os estudos anteriores continham verdades significativas, mas perderam os efeitos em uma questão-chave: felicidade básica (também conhecida como infelicidade). Ambos os pesquisadores aceitaram certas posições da pesquisa do outro. Isso quer dizer que ambas as conclusões podem ser verdadeiras? Não exatamente, os autores chegaram a uma hipótese conjunta: “Existe uma minoria infeliz, cuja infelicidade diminui com o aumento da renda até um certo patamar, depois não mostra mais progresso. Na maioria mais feliz, a felicidade continua a aumentar com a renda, mesmo na alta faixa de renda”.
A conclusão surpreendente é de que, ao contrário do que diz o velho ditado, as pessoas geralmente ficam mais felizes à medida que ganham mais dinheiro. No entanto, se você é rico e miserável, ter mais dinheiro não vai ajudar nada. Mesmo com alta renda não é possível superar uma dor profunda e douradora como luto e depressão. Mas as pessoas mais felizes, por temperamento, tendem a aproveitar a vida enquanto sobem na escada de renda ainda mais do que a pessoa média.
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