Desde maio, Elon Musk retomou o posto de pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna de US$ 264 bilhões (R$1,5 tri). Mesmo com uma queda de US$ 6,7 bi em seu patrimônio, em outubro. Mas ninguém precisa ficar preocupado com essa perda porque sua aposta em Trump deu muito certo. Na comemoração da vitória, no palco no resort Mar-a-Lago, Trump agradeceu ao partidário dizendo “uma estrela nasce, Elon”.
Segundo a CNBC, depois do investimento de pelo menos US$ 130 milhões na campanha pró-Trump, o CEO da Tesla será fartamente recompensado. Somente na quarta-feira, 6, as ações da Tesla subiram 15% e sua fortuna cresceu mais de US$ 21 bilhões, o que significa um retorno de mais de 16.000% em relação à sua contribuição de campanha. Mas, esse prêmio que é maior do que qualquer outro no mundo, não limita os “ganhos” de Musk com a eleição de Trump – haverá com certeza outros benefícios, como o aumento da sua influência política e empresarial. Suas empresas SpaceX e Neuralink devem atrair mais investimentos e contratos governamentais sob uma administração favorável a menos regulamentações.
Na campanha eleitoral, Trump falou da intenção de criar uma “Comissão de Eficiência Governamental” e sugeriu que Musk fosse o líder, embora membros da equipe de transição do novo governo tenham minimizado essa possibilidade, devido a potenciais conflitos de interesse.
A capacidade de influenciar políticas públicas e acelerar projetos estratégicos pela proximidade com Trump é o verdadeiro “poder” Musk, que ele saberá como ninguém transformar em ganhos pessoais. Além disso, as empresas de Musk estão envolvidas em uma série de investigações e processos judiciais iniciados por agências federais por questões que tratam desde supostas violações de regras de mercados mobiliários, de direitos civis e trabalhistas, leis ambientais, fraude ao consumidor e defeitos em segurança de veículos.
A união entre Trump e Musk pode ser entendida pelas suas semelhanças, a começar pelas personalidades marcantes, que atraem a atenção midiática. Usam as redes sociais como instrumento de comunicação direta com o público. Desafiam as normas estabelecidas, ambos agem como “outsiders” desafiando o establishment, bem claro que não mostram muita preocupação ética ou pudores nessas ações, inclusive espalhando fake news. Seus discursos costumam provocar muita controvérsia e são altamente polarizadores. Os dois têm uma autoconfiança impressionante, carisma e magnetismo pessoal.
Mas isso não significa que o individualismo, a propensão ao risco e o tamanho do ego sejam algo positivo. “Dois sóis competindo pelo céu” podem levar ao caos e não à ordem e ao bem comum.
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