O preço do ovo nas alturas, o do café no espaço, até o coelhinho da Páscoa sofrendo pela alta nos preços do cacau. Esses e outros aumentos de preços estão trazendo muitas preocupações. O boletim Focus desta semana traz que a expectativa do mercado para inflação de 2025 é de 5,66%, portanto acima do teto da meta (4,5%). Sendo que o preço dos alimentos é um dos fatores de maior relevância na agenda econômica do País, pois impacta não apenas o consumo das famílias, mas também a estabilidade social, traz mais pobreza e afeta a insegurança alimentar das famílias – sem falar que a popularidade do governo despenca.
As causas que contribuem para o aumento de preços dos alimentos têm sido muito debatidas e são relativas a condições climáticas, aumento da demanda, custos elevados da logística e da energia, preços das commodities no mercado externo, mas a causa que assusta muito é a incerteza sobre o preço do dólar. Neste ano, a moeda americana frente ao real caiu 8,7% e está operando abaixo de R$ 5,70, um dos patamares mais baixos nos últimos meses. Daí a pergunta: para onde vai o dólar?
O Focus traz a expectativa de que termine o ano em R$ 5,98. Ter uma previsão firme sobre o câmbio é uma das coisas mais difíceis no mundo econômico. Observando-se os principais agentes de mercado, as projeções são de que o dólar em 2025 deve estar entre R$ 5,70 e R$ 6,25.

Essas estimativas são com base em alguns cenários. O mais otimista trata de um cenário internacional em que Trump não leva à frente suas ameaças, a inflação americana converge para 2% e o Federal Reserve retoma a queda de juros. Isso faz com que as taxas de juros ao redor do mundo caiam. No cenário interno acontece o ajuste fiscal, o crescimento econômico é desacelerado, a inflação cede e os juros caem. O dólar fica na faixa de R$ 5,50.
Nas projeções intermediárias o cenário internacional se configura na versão otimista. Internamente os ajustes não ocorrem e a taxa de juros se mantém nas alturas. O dólar gira em torno de R$ 5,80. Nas projeções mais pessimistas o mundo segue para a recessão, provocada pela guerra comercial e a agressividade do governo Trump. O dólar acima de R$ 6,20.
Mas, se as coisas ficarem feias mesmo, há quem fale no dólar a R$ 7,00. O que temos hoje é um cenário fiscal doméstico incerto pressionando a desvalorização do real, a política monetária americana de manutenção ou elevação de juros, o que leva ao fortalecimento do dólar globalmente e provoca a desaceleração das economias-chave, afetando a demanda das commodities.
Os sinais são de real desvalorizado. Mas devemos lembrar Galbraith: “A única função das previsões econômicas é fazer a astrologia parecer respeitável”.