Questionamentos sobre a independência financeira é algo corriqueiro. Quem nunca pensou como seria ser bastante rico? O que faria com um prêmio da Mega-Sena? Esse tipo de pensamento passa pela cabeça de muita gente. Isso é tanto verdade que inúmeras matérias da mídia e pesquisas são feitas com esse tipo de pergunta.
Uma das últimas pesquisas sobre o tema foi realizada pela plataforma de investimentos Charles Schwab com a pergunta: “Quanto dinheiro você precisa para ser considerado rico?” O número mágico obtido como resposta foi que é necessário um patrimônio líquido de US$ 2,2 milhões (cerca de R$ 11,5 milhões) para qualificar a pessoa como rica. Na Europa, alguns estudos apontam que é considerado rico quem tenha renda acima de € 3,7 mil mensais (por volta de R$ 20 mil) – na França são 6% da população com esse ganho.
No caso brasileiro, há um estudo da Bloomberg de 2020 que aponta que é considerado rico quem tem renda anual de US$176 mil, algo como R$ 79,2 mil de renda mensal. Por outro lado, o IBGE coloca na classe A pessoas com renda mensal acima de 20 salários mínimos, o que equivale a R$ 24,2 por mês.
No entanto, quando se é perguntado é “você acha que pode ser rico e ser uma boa pessoa?”, as respostas se dividem. Esse não é um pensamento simples, pois envolve características pessoais, formação, religião, local de moradia, além de idade, raça e outros componentes.
No Brasil, temos de lembrar ainda que moramos num país que está no grupo de Lesoto, Botsuana, Moçambique, África do Sul e mais outros com os maiores índices de desigualdade do mundo.
No Brasil, 1% dos mais ricos detêm mais de 49% da riqueza nacional. Estamos ainda entre os 20 países com mais super-ricos. Nos EUA, o 1% no topo possui 35,1% da riqueza, na China, 30%, Canadá, 25%, e França, 22%. A diferença racial é enorme não somente aqui. Nos EUA, a riqueza média das famílias negras em 2019 era inferior a 15% da dos brancos.
No entanto, outros dados da pesquisa da Schwab mostram que a forma como os norte-americanos medem sua riqueza está mudando. Segundo a sondagem, 73% das pessoas dizem que os seus valores e afinidades orientam suas decisões financeiras. A prioridade, apontam os dados, é fazer o que é melhor para os outros, incluindo o ambiente e o bem maior.
A questão não é como medimos a riqueza, mas como nos portamos em relação a realidade ao nosso redor. Ser um idiota, narcisista, não é privilégio de ricos. Vale lembrar que caixão não vem com gavetas e cofre.
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