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Professor de Finanças da FGV-SP

Trump e Kamala agitam o mercado financeiro

Conforme o desfecho das urnas em 5 de novembro, podemos sentir aqui duras consequências

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Foto do author Fabio Gallo

As últimas semanas trouxeram um tom dramático para as eleições presidenciais americanas. O atentado sofrido por Donald Trump, a desistência de Joe Biden e o lançamento da pré-candidatura de Kamala Harris agitaram o mercado. Até há pouco tempo as apostas eram acerca do “Trump Trade”, ou seja, que impactos teriam para o mercado financeiro uma possível vitória de Trump, alavancada após o desempenho desastroso de Biden no debate.

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Mas, com a desistência do atual presidente da corrida presidencial deste ano nos EUA, as especulações se voltam, agora, para os impactos que uma eventual vitória de Kamala pode trazer ao mercado. Afinal, a eleição presidencial se tornou mais competitiva. Caso Trump vença, o seu segundo mandato pode afetar inflação, gastos do consumidor, política monetária e o crescente déficit fiscal do país. O ex-presidente repete que irá acabar com o “pesadelo da inflação”, mas, se mantiver a política fiscal de seu mandato anterior, a indicação é de que haverá aumento de preços e não redução. Suas declarações mostram que deverão ocorrer fortes impactos na política comercial, principalmente impondo novas tarifas, o que em tese beneficiará as empresas locais.

Por outro lado, o seu retorno à Casa Branca significaria menos regulamentação, trazendo potencial favorecimento a setores altamente regulamentados, como bancos e de energia. E nítido incentivo à produção de combustíveis fósseis, a despeito das consequências climáticas.

Ultimamente, o candidato tem até falado bem das criptomoedas. Mas muitos analistas acreditam que o latido é muito maior do que a mordida. Por outro lado, a vitória da democrata iria na direção de uma agenda de regras financeiras mais rígidas, seguindo as medidas promovidas por Biden. Obviamente, algo indesejado pelos bancos, pelas criptomoedas e outros participantes de mercado.

Kamala Harris deve ser a substituta do Joe Biden na candidatura do Partido Democrata Foto: Kevin Mohatt / AP

A atuação de Kamala Harris como procuradora-geral da Califórnia e como senadora também confirma esse temor por parte das instituições financeiras, devido à sua postura dura contra os grandes bancos.

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As apostas estão sendo feitas, mas, conforme o desfecho das urnas em 5 de novembro, poderemos sentir aqui nos trópicos duras consequências. Sob um possível comando de Trump, deveremos ter mais protecionismo e definitivamente não haverá ênfase para a América Latina. No caso de vitória democrata, há tendência de realização de acordos comerciais multilaterais, potencialmente beneficiando o Brasil por meio de mercados mais abertos.

Os dois candidatos têm visões distintas também sobre questões climáticas, direitos humanos, imigração e inclusão social, entre outros temas. O fato é que, conforme o resultado de novembro, os EUA podem influenciar a estabilidade econômica global, afetando economias emergentes como a do Brasil.

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