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Opinião | Flamengo se torna um caso de sucesso econômico

O time, que tinha a terceira pior relação dívida/receita, passou a ter o menor coeficiente entre essas variáveis

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Foto do author Fabio Giambiagi

Fiéis ao espírito de Bill Shankly, treinador que disse que “futebol não é uma questão de vida ou morte: é muito mais importante do que isso”, com Pedro Iootty e Rodrigo Madeira acabamos de publicar um livro sobre o turning point do Flamengo na década passada: Paixão e sucesso – A gestão que transformou um clube (Editora Lux), com 13 capítulos sobre aquela experiência.

O futebol, tradicionalmente no Brasil, esteve organizado de forma precária, associado a esquemas non sanctos, em que dirigentes se perpetuavam no comando em bases amadoras. Recentemente, surgiram duas alternativas. A primeira, que pode ser chamada de “mecenato”, em que um milionário ou grupo associado a um dirigente rico começa a colocar dinheiro tentando conciliar a paixão com a lógica econômica. A segunda é a Sociedade Anônima de Futebol (SAF), com graus variados de resultados.

Torcida do Flamengo, a maior do Brasil, foi ponto de partida para receitas do clube terem aumento vertiginoso Foto: Paula Reis / Flamengo

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O caso do Flamengo, inaugurado nos dois mandatos de Eduardo Bandeira, é interessante porque configura um exemplo específico. Nele, a partir do potencial de receita propiciado por um contingente que se mede em termos de dezenas de milhões de torcedores e com um grupo de executivos extremamente qualificados, com o denominador comum da honestidade e da reputação profissional, em poucos anos transformou-se um longo histórico de problemas financeiros em um case de sucesso. Agora, o clube paga em dia, tornou-se uma máquina de gerar recursos e dispõe de um dos melhores elencos esportivos do País. Num dos dois excelentes capítulos de César Grafietti e do jornalista Rodrigo Capelo que forma parte do livro, mostra-se que, em termos reais, nos seis anos entre 2012 e 2018, a receita do clube aumentou 70%, muito acima do natural aumento dos custos de 45% no processo de geração de caixa para formar um time com possibilidades de voltar a vencer campeonatos. Assim, no conjunto dos 12 maiores times de RJ, SP, MG e RS, o Flamengo, que em 2012 tinha a terceira pior relação dívida/receita desses clubes, em 2018 passou a ter o menor coeficiente entre essas variáveis, o que abriu o caminho para as conquistas que se seguiram.

Neste espaço, defendi no passado a ideia de que na política fiscal do País a austeridade de hoje permite o gasto de amanhã num país que, sanado, poderia ter um longo ciclo de progresso. O caso do Flamengo mostra que no futebol, assim como num país, quando há comando e estratégia, como diria Obama, “nós podemos!” (yes, we can).

Opinião por Fabio Giambiagi

Economista, formado pela FEA/UFRJ, com mestrado no Instituto de Economia Industrial da UFRJ

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