Família Diniz pode levantar mais de R$ 6,2 bi com venda de ações do Carrefour

Falta decidir o momento de venda dos papéis, por ora com cotações baixas por causa do momento do varejo; procurada pelo ‘Estadão/Broadcast’, a Península, gestora do patrimônio, não se pronunciou

Foto do author Altamiro Silva Junior
Atualização:

A família do empresário Abilio Diniz pretende se desfazer das ações que tem no Carrefour, tanto da unidade do Brasil quanto na da França, conforme pessoas que acompanham as tratativas. É um negócio com potencial de movimentar mais de R$ 6,2 bilhões, considerando as cotações do papel desta segunda-feira, 27.

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A decisão da venda da família foi revelada no domingo, 26, pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada ao Estadão/Broadcast por pessoas próximas à família que estão a par do assunto. A decisão vem quase um ano após a morte do empresário, em fevereiro passado. Procurada pelo Estadão/Broadcast, a Península, gestora do patrimônio da família Diniz, não se pronunciou.

O que falta decidir é o momento de venda dos papéis, segundo interlocutores. As cotações estão em níveis historicamente baixos por causa dos desafios do varejo, não só no Brasil, por causa dos juros altos, mas também no mercado mundial, que também está com juros altos e com economias em desaceleração.

A família Diniz, por meio da gestora Península, tem uma participação de 7,3% da subsidiária do grupo francês no Brasil, além de uma fatia de 9,23% do Carrefour da França Foto: Carrefour Brasil

A família Diniz, por meio da gestora Península, tem uma participação de 9,23% no Carrefour da França. Ao preço de hoje, essa fatia é avaliada em cerca de 840 milhões de euros, ou R$ 5,2 bilhões pelo câmbio desta segunda-feira, 27.

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No Brasil, a Península tem 7,3% da subsidiária do grupo francês, avaliada hoje em R$ 930 milhões. Nesta segunda-feira, 27, as ações da rede de supermercado subiram, tanto na B3 quanto em Paris, influenciadas pela notícia da possível venda. Mas, em 12 meses, o papel recua 43% na B3 e 11,5% na bolsa francesa.

O que dizem analistas sobre o negócio

Ao analisar a potencial venda, analistas do Santander, XP e JPMorgan observam que a operação pode ser uma pressão negativa nos papéis do Carrefour Brasil, por conta do tamanho da oferta de ações.

Os analistas de varejo do Santander destacaram que, entre seus pares no mercado local, o momento operacional do Carrefour Brasil continua sendo o mais desafiador, “à medida que a empresa navega por ajustes em sua divisão de Varejo, enquanto a divisão bancária deve ser impactada negativamente pelo reflexo do teto em empréstimos rotativos de cartão de crédito”.

O JPMorgan avalia que a possível venda tem potencial para causar mudanças na estratégia do grupo no Brasil, que tende a ficar menos independente das decisões da matriz na França. Abilio Diniz era vice-presidente do conselho do Carrefour Brasil, e os analistas observam que o empresário teria sido peça fundamental para conseguir mais autonomia da subsidiária brasileira.

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