BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda aumentou de 1,6% para 1,9% a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. A alta já havia sido antecipada pelo ministro Fernando Haddad. Apesar do avanço nas projeções de instituições financeiras, o cenário do governo ainda aponta para um patamar bem superior ao do mercado.
A projeção anterior da Secretaria de Política Econômica (SPE) havia sido feita em março. As estimativas atuais foram usadas na confecção do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado na segunda-feira, 22.
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Segundo o Boletim Macrofiscal, o aumento reflete a divulgação de indicadores econômicos com resultados melhores do que os projetados para o primeiro trimestre e para o início do segundo trimestre.
A SPE também revisou a projeção de crescimento para o PIB do 1º trimestre de 2023, de 0,8% para 1,2%. Segundo a secretaria, isso ocorreu porque indicadores antecedentes para Agropecuária e Serviços sinalizam que a atividade expandiu acima do inicialmente projetado para o trimestre, se recuperando da retração observada no último trimestre de 2022.
“Destacam-se, nesse sentido, a LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), com aumento na previsão para a safra de grãos de 2023 de fevereiro a abril, as exportações de suínos e aves, que seguiram avançando frente à média dos últimos anos, o aumento do abate na comparação trimestral dessazonalizada, a variação do IBC-Br na comparação trimestral (2,4%) e interanual (3,9%), e a criação líquida de novos postos de trabalho em fevereiro e março, de acordo com dados do Caged”, afirma a secretaria.
Para os anos seguintes, as projeções para o crescimento da economia tiveram atualização para alguns anos, e outros não. Para 2024, a estimativa se manteve em 2,3%. Para 2025, também houve manutenção, em 2,8%. Para 2026, a estimativa passou de 2,4% para 2,5%. E para 2027, a projeção foi atualizada de 2,5% para 2,6%.
Segundo a SPE, a alta na previsão para o PIB de 2023 repercutiu, sobretudo, a revisão das projeções para o primeiro e segundo trimestre. A secretaria destaca que a expectativa segue sendo de desaceleração mais acentuada da atividade no decorrer do ano, repercutindo o efeito da política monetária contracionista nas condições de crédito bancário e no mercado de capitais.
Contudo, programas sociais prioritários, como o Bolsa Família, o Desenrola e o Minha Casa Minha Vida, e políticas para redução da desigualdade, como a de valorização do salário mínimo, devem seguir desempenhando papel importante “para garantir proteção às classes de menor renda”, diz a Fazenda.
“O Pronampe e o Peac-FGI foram reformulados para continuar auxiliando pequenas e médias empresas mais afetadas pelos altos juros, enquanto as medidas para tornar o mercado de capitais mais eficiente e para desburocratizar a emissão de debêntures tendem a auxiliar, em especial, a captação por parte das grandes empresas. Especificamente para projetos prioritários de transformação ecológica e de inovação, os bancos públicos devem atuar de maneira mais ativa na concessão de crédito de forma a garantir o desenvolvimento a despeito do cenário conjuntural”, aponta a nota.
De 2024 a 2027, a taxa de crescimento deve ficar entre 2,30% e 2,80% ao ano, segundo a SPE. A projeção de crescimento considera impactos positivos advindos de investimentos sustentáveis, diz a secretaria.
“Que devem contribuir para a transformação ecológica, para a geração de empregos, para o aumento da intensidade tecnológica e da produtividade e para redução das desigualdades sociais e regionais”.
No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram uma alta de 1,20% para o PIB de 2023. Para 2024, a estimativa no Focus é de alta de 1,30%. As estimativas de mercado para os anos de 2025 e 2026 estão em 1,70% e 1,80%, respectivamente.
Projeção para o IPCA
O Ministério da Fazenda também revisou para cima a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023 e 2024. Segundo a nova grade de parâmetros macroeconômicos da SPE, a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 5,31% para 5,58%, conforme já havia sido adiantada ontem no Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas.
A pasta, porém, destacou que a média dos cinco principais núcleos de inflação deve fechar o ano entre 5,20% e 5,30%. Para 2024, a projeção de IPCA também subiu, de 3,52% para 3,63%.
No documento, a SPE argumenta que a revisão para cima na projeção para a inflação oficial este ano foi motivada, sobretudo, pela mudança na alíquota do ICMS sobre a gasolina e pelos reajustes previstos para jogos de azar e plano de saúde.
Esses efeitos, segundo a pasta, foram apenas parcialmente compensados pela redução anunciada para a gasolina, sem resposta à queda nos preços internacionais do petróleo. “O processo de desaceleração da inflação deverá continuar a ser observado para os preços livres, em contraposição à aceleração prevista para os preços de monitorados.”
Em relação a 2024, a explicação dada pela SPE para o aumento da projeção foram “mudanças marginais nas estimativas de demanda externa”.
No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 5,80% em 2023 e de 4,13% em 2024. Todas as projeções para a inflação em 2023 estão bem acima do teto da meta deste ano, de 4,75%. No caso de 2024, a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (1,50% a 4,50%).
A pasta reconheceu que a meta deve ser descumprida pelo terceiro ano consecutivo em 2023. “Pelo terceiro ano consecutivo, a inflação deverá permanecer acima do intervalo superior da meta. Para 2024, no entanto, a expectativa é que o IPCA retorne para o intervalo proposto, se situando próximo a 3,60%. Nos anos posteriores, a expectativa é de inflação de 3,00% ao ano.”
O Ministério da Fazenda também elevou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 5,16% para 5,34%. Para 2024, a projeção foi revisada de 3,30% para 3,34%.
Já a estimativa da Fazenda para a alta do IGP-DI em 2023 foi reduzida de 3,85% para 2,06%. Para o próximo ano, a projeção teve mudança marginal, de 3,80% para 3,78%.
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