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Fazenda prevê PIB de 2,5% em 2024 e eleva para 3,70% a projeção para a inflação no ano

Estimativas de crescimento não consideram impactos da calamidade do Rio Grande do Sul na atividade econômica; projeções para o PIB dos próximos anos foram mantidas

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Foto do author Amanda Pupo
Atualização:

BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. Segundo a grade de parâmetros divulgada nesta quinta-feira, 16, pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade este ano passou de 2,2% para 2,5%. Para 2025, a projeção se manteve em 2,8%. O último boletim macrofiscal da SPE havia sido divulgado em março de 2024.

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A pasta também elevou a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 e em 2025. A estimativa passou de 3,50% para 3,70% — no intervalo de tolerância da meta estipulada para 2024, que é de 3%, com variação de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Já para 2025, a projeção de IPCA passou de 3,10% para 3,20%.

De acordo com o Boletim Macrofiscal, a alta na previsão para o PIB de 2024 é motivada por maiores contribuições esperadas para a absorção doméstica e para o setor externo. No caso do avanço nas estimativas de absorção doméstica, contribuíram o crescimento “robusto” das vendas no varejo e dos serviços prestados às famílias, o aumento na geração líquida de postos de trabalho e a expansão das concessões de crédito, disse a Fazenda.

Os sinais de recuperação do investimento, baseados na expansão de indicadores de atividade na construção civil e no crescimento das importações de bens de capitais, também auxiliaram nesse sentido. Para o setor externo, a perspectiva de maior contribuição reflete a depreciação cambial recente, argumentou a SPE.

Ministério da Fazenda ponderou que danos da tragédia no Rio Grande do Sul ainda não foram contabilizados na estimativa do PIB Foto: André Dusek / Estadão

No documento, a Fazenda já fez uma ponderação sobre a tragédia climática registrada no Rio Grande do Sul, observando que, nas estimativas de crescimento, não estão considerados os impactos da calamidade do Estado na atividade econômica. A magnitude desse efeito depende da ocorrência de novos eventos climáticos, de transbordamentos desses impactos para Estados próximos e do efeito de programas de auxílio fiscal e de crédito nas cidades atingidas pelas chuvas, listou a SPE.

O PIB do Rio Grande do Sul, com peso aproximado de 6,5% no PIB brasileiro, deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas ao longo dos trimestres posteriores, avaliou a Fazenda. “Atividades ligadas à agropecuária e indústria de transformação deverão ser as mais afetadas a nível nacional, por serem mais representativas no PIB do Estado que no PIB brasileiro”, escreveu a SPE.

As projeções da SPE para o PIB dos próximos anos foram mantidas: em 2026, em 2,5%, para 2027, em 2,6%, e em 2028, em 2,5% de alta.

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No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 13, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram uma alta de 2,09% para o PIB de 2024. Para 2025, a estimativa no Focus é de alta de 2%. As projeções de mercado para 2026 e 2027 também estão em 2%, para os dois anos.

Sobre 2024, a Fazenda afirma que a expansão projetada para serviços no ano mais que compensou revisões para baixo nas estimativas de crescimento da agropecuária e da indústria. Para a agropecuária, a variação esperada para o PIB saiu de -1,3% para -1,4%, refletindo, principalmente, a redução nos prognósticos para a safra de soja e milho neste ano.

No caso da indústria, a expectativa de crescimento em 2024 também foi revisada para baixo, de 2,5% para 2,4%. A alteração refletiu, sobretudo, o menor crescimento esperado para o setor no primeiro trimestre do ano, em função de dados mais fracos observados para indústria extrativa e para a produção de bens de capital em março, disse a Fazenda. Em contrapartida, a projeção para a expansão dos serviços aumentou de 2,4% para 2,7%.

Projeção para o IPCA

Em relação à projeção para a inflação, a SPE argumenta que, entre fevereiro e abril, a variação acumulada em 12 meses do IPCA seguiu em trajetória de queda, repercutindo principalmente a desaceleração acentuada nos preços de monitorados e também houve recuo relevante na inflação de serviços e bens industriais. Em contrapartida, a alimentação em domicílio teve leve avanço. A avaliação é que, até o final de 2024, o processo de desinflação de monitorados e serviços deve prosseguir. Mas, diante desse cenário, a opção foi por elevar a projeção do IPCA.

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“Essa estimativa já leva em consideração os impactos do câmbio levemente mais depreciado nos preços e os efeitos iniciais das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços de alimentos, especialmente arroz, produtos in natura, frangos e carnes. Embora a inflação de maio e junho deva acelerar em repercussão à calamidade, o efeito nos preços tende a ser majoritariamente temporário, em grande medida compensado após a normalização da oferta desses alimentos. Assim, ainda que de maneira não-linear, a desinflação deverá seguir ocorrendo, sendo mais evidente nas medidas subjacentes, menos afetadas pelo evento climático e pela volatilidade cambial e nos preços de commodities”, justifica a SPE.

A secretária também pontua que para 2024, a expectativa é de que a média dos núcleos de inflação fique em patamar próximo de 3,40%, ante 4,34% em 2023. Para os anos seguintes, a projeção fica ao redor da meta de 3%.

O Ministério da Fazenda também revisou para cima a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para o indicador neste ano passou de 3,25% para 3,50%. Para 2025, a projeção passou de 3,00% para 3,10%.

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“Assim como ocorreu em 2023, espera-se inflação menor para classes de renda inferiores comparativamente ao IPCA”, diz o documento.

Já a estimativa da Fazenda para o IGP-DI em 2024 foi mantida em 3,50% e em 4,00% para 2025. O documento pontua que o indicador surpreendeu para baixo em março, mas avançou significativamente em abril.

“A alta repercutiu o avanço nos preços da soja, a menor deflação do milho e o aumento da inflação de minério de ferro e de alimentos industriais (carnes e óleos). Até o final do ano, a expectativa é que os preços no atacado sigam em patamar mais elevado em resposta à dinâmica dos preços de commodities e ao câmbio levemente mais depreciado. Além disso, o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços do atacado deverá ser mais pronunciado que nos preços ao consumidor, uma vez que algumas culturas não foram integralmente colhidas (caso da soja, por exemplo) e que parcela das estruturas de produção foi perdida”, pontua o boletim.

No último relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 13, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram IPCA de 3,76% em 2024 e de 3,66% no próximo ano.

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