Fecombustíveis reage a acusações de Lula sobre ‘assalto’ de intermediários

Federação diz que é fundamental considerar que a composição dos preços dos combustíveis também inclui os impostos federais e estaduais; margem bruta de distribuição e revenda é, em média, de 15%

RIO - A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) reagiu às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feitas na segunda-feira, 17, em um evento da Petrobras, no Rio de Janeiro, de que a população é “assaltada” pelos intermediários na cadeia de distribuição de combustíveis.

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Segundo a entidade, que reúne 34 sindicatos patronais e representa os interesses de cerca de 45 mil postos de combustíveis no País, diferentemente do que vem sendo noticiado, é fundamental considerar que a composição dos preços dos combustíveis também inclui os impostos federais.

“Entre eles, estão o PIS/Cofins, no valor de R$ 0,69 por litro, e a Cide, de R$ 0,10 por litro, além do ICMS”, informou.

O Presidente Lula em evento de retomada da indústria naval em Angra dos Reis na segunda-feira, 17  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

A entidade destacou que, em 1º de fevereiro, houve aumento do ICMS sobre gasolina, óleo diesel, biodiesel e etanol anidro. Na gasolina e etanol houve acréscimo de R$ 0,10 por litro, totalizando R$ 1,47, enquanto no diesel e no biodiesel o aumento foi de R$ 0,06 por litro, elevando o valor para R$ 1,12.

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A Fecombustíveis avaliou que o funcionamento complexo da cadeia de combustíveis é pouco conhecido pela sociedade, mas também pelos governantes do País.

“A gasolina que sai das refinarias é pura e ainda não está pronta para o consumo final. Somente nas bases de distribuição recebe a adição de 27% de etanol anidro, tornando-se gasolina C, que é a versão comercializada nos postos.

O mesmo processo ocorre com o óleo diesel: ele sai puro das refinarias (diesel A) e, após a adição de biodiesel — atualmente em 14% —, transforma-se em diesel B, que então é comercializado das distribuidoras para os postos de combustíveis”, explicou.

A entidade destaca ainda, que na composição dos preços da gasolina, a fatia da Petrobras corresponde a 34,7% do preço total, ou seja, R$ 2,21 por litro. Quando somado o preço dos tributos federais e estaduais, o valor sobe em R$ 2,16 por litro.

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No caso da composição de preços do óleo diesel, 46,8% correspondem a parcela do produto refinado pela Petrobras (R$ 3,03 por litro), somados dos impostos federais (5%) e estaduais (17,3%) resultam em R$ 1,44 e a mistura do biodiesel, R$ 0,85, o que representa 13,2% do custo total. Recentemente, a Petrobras também aumentou em R$ 0,22 o preço do litro do diesel para as distribuidoras.

“As margens brutas da distribuição e revenda, na média Brasil, ficam em torno de 15%, retirando o frete. Vale destacar que desta margem são descontados os salários, encargos sociais e benefícios dos funcionários, aluguel (se houver), água, luz, incluindo todas as demais despesas inerentes à manutenção do negócio”, disse a entidade, em defesa da revenda, lembrando que o setor é um dos que mais emprega no Brasil, com cerca de 900 mil postos de trabalhos diretos.

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