Fed deve anunciar redução de estímulos nesta quarta

O BC dos EUA também deve reduzir suas projeções de expansão do PIB do país em 2013

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente da Agência Estado

NOVA YORK - A política monetária norte-americana, que vem ditando os preços nos mercados financeiros mundiais desde maio, pode ter mudanças significativas na reunião dos dirigentes do Federal Reserve que começou nesta terça-feira e termina na quarta-feira. Os economistas esperam redução no ritmo mensal de compras de ativos e ainda que o banco central reduza suas projeções de expansão para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2013.

A reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), formado por 12 dirigente do Fed, é a mais aguardada dos últimos meses. O encontro ocorre em meio às discussões em Washington e em Wall Street sobre quem será o novo comandante do banco central norte-americano. Quem for escolhido deve tomar posse no início de 2014 e vai ter que conduzir a retirada dos estímulos monetários sem precedentes adotados nos EUA desde a crise financeira mundial de 2008.Os economistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, esperam que seja anunciado amanhã, às 15h de Brasília, quando termina o encontro do Fomc, uma redução de cerca de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões no ritmo mensal de compras de ativos, hoje em US$ 85 bilhões. A expectativa é de que haja um corte mais ou menos equilibrado nas compras de títulos públicos de longo prazo e ativos lastreados em hipotecas (chamados de MBS pelo mercado). "A espera acabou. Finalmente chegou a hora tão esperada", destaca a economista do TD Bank, Ksenia Bushmeneva.Além da redução do ritmo de aquisição de ativos, também se espera que o comunicado divulgado logo após a reunião enfatize que a retirada dos estímulos será feita em ritmo gradual e que os juros básicos dos EUA ainda vão continuar em um nível "excepcionalmente baixo" por mais algum tempo. As taxas atuais estão entre zero e 0,25% ao ano. O economista-chefe do RBC Capital Markets, Tom Porcelli, espera que os juros só voltem a subir em meados de 2015. Para as compras de ativos, ele projeta redução de US$ 10 bilhões a partir de amanhã, com o término total desta estratégia em abril do ano que vem.O economista da ITG Investment Research, Steve Blitz, avalia que a atividade econômica dos EUA está se recuperando, mas não em ritmo acelerado que justifique mudanças mais radicais na política monetária. Por isso, a expectativa é de que tudo seja feito de forma gradual, diz ele. "Os últimos números mostram a incapacidade de a economia se recuperar no ritmo esperado pelos dirigentes do Fed."Por esse motivo, Blitz e outros economistas, com os do Barclays, Deutsche Bank, TD Bank e do Bank of America Merrill Lynch, esperam que o Fed reduza a projeção de crescimento para o PIB dos Estados Unidos em 2013. A estimativa atual é de expansão de 2,3% a 2,6%, mais otimista até que o previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que rebaixou suas estimativas em julho e vê os EUA crescendo 1,7% este ano. O BoFA, por exemplo, estima alta de 2% no PIB este ano.Além disso, o Fed deve divulgar pela primeira vez as projeções para a economia em 2016 e ainda pode mudar os gatilhos da taxa de desemprego e inflação para a política monetária. Neste último caso, porém, não há um consenso entre os economistas de que mudanças vão ser anunciadas amanhã.Emprego. No caso do desemprego, o presidente do Fed, Ben Bernanke, sinalizou que o ritmo de aquisição de ativos seria interrompido quando a taxa chegasse ao nível de 7%. Além disso, o banco central já havia ressaltado que os juros poderiam voltar a subir quando ela atingisse o nível de 6,5%. O economista do Bank of America Merrill Lynch, Michael Hanson, avalia em relatório a clientes que, dado a queda relativamente rápida da taxa de desemprego, que chegou a 7,3% em agosto, o gatilho pode ser mudado amanhã, embora ele também ache possível que o Fed possa aguardar mais algum tempo antes de anunciar mudanças.A ata da reunião do Fomc de julho mostrou que não há consenso nem entre os dirigentes do Fed sobre este tópico, destaca Porcelli, do RBC. Nesse cenário, o economista do Deutsche Bank, Joseph LaVorga, acredita que o gatilho não deve ser alterado amanhã. Um dos motivos é que, na entrevista coletiva depois da reunião, Bernanke pode enfatizar a flexibilidade dos números de desemprego e inflação, que seriam apenas indicadores de mudanças da política monetária naquele nível e não desencadeadores automáticos de mudanças, destaca em um e-mail a clientes.Sucessão. A reunião desta semana ocorre em meio a uma mudança inesperada na corrida pela presidência do Fed. O ex-secretário do Tesouro dos EUA Lawrence Summers, que já foi consultor econômico de Barack Obama, retirou sua candidatura. O economista do BoFA acha que esse fato abre espaço para a vice-presidente do Fed, Janet Yellen, assumir o comando do banco central, sobretudo porque ela tem apoio do Senado democrata, que rejeitava Summers.Considerando que a dirigente é próxima a Bernanke e apoia a atual política monetária ultraacomodatícia, se Yellen for confirmada, a primeira leitura é que a redução dos estímulos monetários vai seguir em ritmo gradual, com os juros voltando a subir em meados de 2015. No hipótese de que Summers fosse o escolhido para dirigir o Fed, Hanson destaca que a expectativa era de um aumento dos juros mais cedo, talvez já em 2014, e o mercado já vinha embutindo isso no preço dos ativos. Agora, esses preços devem passar por correções, destaca.

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