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EUA: maioria das famílias reduziu economias após preços mais altos, diz Fed

Em pesquisa com mais de 11 mil entrevistados, 51% relataram que foram afetados negativamente pela alta dos preços no país

O Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, afirmou que os preços mais altos afetaram negativamente as finanças das famílias americanas, assim como o bem-estar financeiro, segundo relatório publicado nesta segunda-feira, 22. A pesquisa foi feita com mais de 11 mil entrevistados, e indica que 51% deles relataram que reduziram as economias após alta de preços nos EUA.

De acordo com levantamento, as estratégias utilizadas para driblar a alta de preços incluíram usar menos de um produto ou parar de usá-lo completamente, além de atrasar compras importantes.

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A proporção de adultos que indicou que cobririam despesas de emergência de US$ 400 foi de 63%, cinco pontos porcentuais em relação ao máximo em 2021. “Treze porcento dos adultos disseram que não seriam capazes de pagar a despesa por qualquer método, o que foi um pouco maior do que na última pesquisa”, diz o órgão.

O relatório extrai dados da décima Pesquisa anual de Economia Doméstica e Tomada de Decisões (SHED), do Conselho do Fed. Segundo a diretora do Fed Michelle Bowman, “os resultados do SHED fornecem informações úteis sobre o bem-estar econômico dos americanos”.

Alta nos juros

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou também nesta segunda-feira que a instituição deve ter de subir os juros mais duas vezes neste ano, a fim de conter a inflação. Bullard considerou que as projeções de queda rápida da inflação “até agora não se concretizaram”, enquanto o núcleo dos preços “não tem mudado muito nos últimos meses” e o mercado leva para cima expectativas de inflação, o que justifica o maior aperto monetário.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, o dirigente respondeu a questões nesta segunda, no Fórum Financeiro da American Gas Association.

Federal Reserve é a instituição do governo dos Estados Unidos que tem função de Banco Central Foto: REUTERS / Joshua Roberts

Ele afirmou que seu cenário base é de “crescimento relativamente fraco” nos EUA, neste ano e no próximo, e acrescentou achar “exageradas” as projeções de recessão. Bullard avaliou que o mercado de trabalho segue “forte”, embora dê sinais de desaceleração. “Estamos em ótima forma, na economia em geral”, disse.

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Bullard vê como risco que a inflação elevada perdure por muito tempo, o que forçará um aperto ainda mais duro adiante na política monetária.

Questionado sobre a posição dominante do dólar no mundo, ele comentou sobre algumas alternativas, mencionando o euro e também o yuan, mas disse considerar que não vê essa posição do dólar ameaçada e que esse quadro não deve mudar em breve.

Indagado sobre o impasse para elevar o teto da dívida do governo federal norte-americano, Bullard disse que um projeto de lei sobre o tema terá de ser aprovado. Ele advertiu que “um default ou mesmo a ameaça disso é contraproducente”, provocando, por exemplo, que os EUA tenham de pagar juros mais altos na sua dívida adiante.

Sobre o quadro geopolítico global, Bullard afirmou que um tema bastante importante neste momento é o “desacoplamento” das economias de EUA e China. Sobre a Rússia, avaliou que o país decidiu não fazer parte do projeto europeu, no contexto da guerra da Ucrânia.

Questionado sobre o setor bancário norte-americano, ele considerou que “até agora, está tudo bem” com esse segmento da economia, mas insistiu na importância de que reguladores continuem a monitorar de perto a situação.

Para ele, o caso do Silicon Valley Bank (SVB), que quebrou, é “bem pouco usual” em suas características, em relação ao setor bancário dos Estados Unidos.

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