Fed vê inflação nos EUA rumo à meta, mas ata também traz incertezas; saiba quais

Banco central americano pondera que o nível de preços continua alto e também há incertezas quanto a outras questões, como a do mercado de trabalho, para definir a política de juro

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Foto do author Isabella Pugliese Vellani

Quase todos os participantes da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed), em que o banco central americano cortou o juro nos EUA em 0,50 ponto porcentual, a primeira queda em 4 anos, indicaram que estão mais confiantes de que a inflação americana está se movendo “de forma sustentável” em direção à meta de 2%. É o que mostra a ata do encontro, publicada nesta quarta-feira, 9.

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De acordo com o documento, vários dirigentes consideraram que os riscos de alta para as perspectivas de inflação diminuíram. Entretanto, há o entendimento de que o nível de preços continua alto e também há incertezas quanto a outras questões.

Os participantes da reunião citaram diversos fatores que provavelmente exerceriam pressão descendente sobre a inflação. Dentre eles, estão uma desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real — em parte por conta da postura restritiva do BC americano —; expectativas de inflação bem ancoradas; aumento da produtividade; e queda nos preços de commodities. “Os participantes enfatizaram que estavam fortemente comprometidos em retornar a inflação ao objetivo de 2%”, descreve o documento.

Foi observado que os aumentos salariais provavelmente não seriam uma fonte de pressões inflacionárias gerais no futuro próximo.

Expansão robusta, mas economia incerta

Na reunião, os membros do Fed concordaram que a atividade econômica continuou a se expandir em ritmo sólido, apoiada pelo aumento da produtividade, porém ainda viam a perspectiva econômica como “incerta”.

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Jerome Powell, presidente do Fed; banco central americano reduziu os juros na reunião de setembro e avalia novos cortes Foto: Ben Curtis/AP

O crescimento da atividade econômica foi destacado por “gastos de consumo resilientes”. Alguns participantes mencionaram que o aumento da renda familiar foi o responsável por impulsionar o consumo, enquanto outros destacaram que foram os sinais de desaceleração nas despesas ou de tensões nos orçamentos familiares.

Parte dos integrantes da reunião sugeriu que as tensões financeiras enfrentadas por famílias de baixa e média rendas implicariam um crescimento mais lento do consumo nos próximos meses. No entanto, segundo eles, fontes ligadas ao comércio dizem estar “otimistas sobre as perspectivas econômicas”.

Mercado de trabalho

Os dirigentes também apontaram que as condições de mercado de trabalho permaneceram sólidas, apesar de a taxa de desemprego ter aumentado notavelmente. Além disso, vários participantes observaram que, com a oferta e a demanda no mercado de trabalho praticamente em equilíbrio, aumentos salariais provavelmente não seriam uma fonte de pressões inflacionárias gerais em um futuro próximo.

O documento refere-se à reunião realizada em 17 e 18 de setembro, portanto, antes da divulgação do payroll de setembro, que trouxe criação de vagas acima das expectativas.

Os dirigentes concordaram que os indicadores do mercado de trabalho mereciam monitoramento rigoroso, com alguns observando que, como as condições no mercado de trabalho desaceleraram, o risco cresceu de que continuidade da desaceleração poderia levar a uma deterioração mais séria.

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As próximas avaliações do comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desdobramentos financeiros e internacionais.

Taxas de hipotecas

Os participantes da reunião de política monetária do Fed avaliaram que as taxas hipotecárias residenciais de 30 anos — uma das mais comuns nos Estados Unidos — e os rendimentos de títulos em hipotecas de agências (MBS, na sigla em inglês) caíram, mas continuaram elevadas. Eles mencionaramm que, no mercado de hipotecas residenciais, o acesso ao crédito foi pouco alterado, no geral, mas continuou a ser sensível aos atributos de risco de crédito.

Ainda de acordo com o documento, a qualidade do crédito continuou sólida para tomadores de empréstimos hipotecários residenciais e para empresas de grande e médio porte, mas se deteriorou em outros setores. Já em relação à qualidade de crédito das famílias, “as taxas de inadimplência na maioria das hipotecas residenciais permaneceram próximas aos mínimos pré-pandemia”, descreve a ata.

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