NOVA YORK E SÃO PAULO - O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) manteve inalterada a taxa dos Fed Funds (o juro) na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, em comunicado divulgado nesta tarde de quarta-feira, 29. É a primeira pausa desde que o banco central norte-americano começou cortar os juros no país, em setembro passado.
A decisão contraria a expectativa manifesta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na quinta-feira, 23, “exigiu” a redução das taxas de juros “imediatamente”, em um recado ao Fed —um órgão independente que tem a tarefa de determinar as taxas de juros sem interferência política. Ao discursar no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, por vídeo, Trump disse a uma sala repleta de executivos-chefes que ele “exigiria” taxas de juros mais baixas.
Na entrevista coletiva para dar mais explicações sobre a decisão, nesta quarta-feira, 29, o presidente do Fed, Jerome Powell, evitou comentar a fala de Trump. “Não tenho qualquer comentário, nem é apropriado fazê-lo”, disse Powell, acrescentando que não teve nenhum tipo de contato com Trump.
A decisão divulgada nesta quarta-feira, 29, foi unânime entre todos os votantes, de acordo com comunicado. O Fed ressaltou que a inflação nos Estados Unidos continua “um pouco elevada”, mas que o comitê que define o juro busca atingir o máximo de emprego e a inflação na meta de 2% ao ano no longo prazo, atento aos riscos para ambos os lados.
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Powell, disse que a autoridade monetária segue focada em seu mandato duplo, de máximo emprego e estabilidade de preços. Os riscos de ambos estão equilibrados, avaliou.
De acordo com ele, a economia dos EUA está “forte” no geral e fez progressos significativos em direção às metas do BC dos EUA. Segundo ele, a inflação caminhou mais próximo à meta de 2% ao ano, mas segue elevada.
Conforme o presidente do Fed, as expectativas para a inflação estão bem ancoradas. Quanto às condições do mercado de trabalho, ele avalia que esfriaram de seu estado anteriormente superaquecido e seguem sólidas, não sendo fonte significativa de pressões inflacionárias.
“A inflação diminuiu significativamente nos últimos dois anos, mas continua um pouco elevada em relação às nossas estimativas de meta de longo prazo de 2%”, disse Powell.
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“Essa recalibração da nossa política foi apropriada à luz do progresso na inflação e do reequilíbrio no mercado de trabalho, com nossa postura significativamente menos restritiva do que antes, e a economia permanecendo forte, não precisamos ter pressa para ajustá-la”, concluiu Powell.
Analistas consultados pelo Estadão/Broadcast esperavam amplamente a manutenção dos juros pelo BC americano na primeira reunião de política monetária de 2025. /Com Francine De Lorenzo, Isabella Pugliese Vellani, Patricia Lara, Pedro Lima, Thais Porsch e Matheus Andrade, especial para o Estadão/Broadcast