Além de reforçar as indicações dadas na quinta, quando anunciou medidas com potencial de reverter o déficit nas contas primárias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou durante reunião com economistas o compromisso de apresentar o novo arcabouço fiscal no primeiro semestre deste ano e passou mensagens positivas sobre o andamento da reforma tributária.
A sensação dos convidados, revelada em declarações à imprensa na saída do encontro, é de que o governo se mexe para indicar que a arrumação fiscal não ficará restrita a este ano, sinalizando também a aprovação da reforma tributária antes do que se imaginava.
Ao deixar a reunião no escritório do ministério da Fazenda na avenida Paulista, o ex-ministro Joaquim Levy e o ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida, que hoje ocupam posições, respectivamente, no Banco Safra e no BTG Pactual, consideraram o encontro construtivo.
“A boa notícia é que estão olhando com bastante atenção aos próximos passos”, relatou Levy, referindo-se à reforma tributária e ao novo arcabouço fiscal, prometido novamente por Haddad para o primeiro semestre.
Já Mansueto saiu do encontro otimista em relação à reforma tributária, cuja proposta, disse o economista, poderá ser levada ao Congresso “mais rápido do que a gente esperava”. “A questão tributária está avançando bastante [...] As discussões estão muito boas”, declarou o ex-secretário do Tesouro, destacando a participação na equipe econômica do secretário especial de reforma tributária, Bernard Appy, autor de uma das propostas da reforma em tramitação no Congresso.
Após as medidas de corte de despesas e recomposição de receitas anunciadas ontem por Haddad, Mansueto, repetindo a estimativa da Fazenda, disse que as contas primárias estão caminhando para um déficit em torno de R$ 100 bilhões neste ano, o que é “muito positivo” para derrubar os juros e gerar um ambiente de crescimento.
“É claro que temos que esperar algumas medidas que precisam ser aprovadas pelo Congresso e a reoneração da gasolina, que vai acontecer em algum momento. Mas se a gente for para um ano com déficit na casa de R$ 100 bilhões, já é menos da metade do que saiu do orçamento [R$ 231,5 bilhões]”, declarou Mansueto, que é economista-chefe do BTG. “Junto com a proposta de reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, isso vai ser muito importante para reduzir o risco Brasil”, acrescentou.
Segundo Joaquim Levy, que atualmente é diretor de estratégia, economia e relações com mercados do Safra, a reunião mostra que o governo se prepara para dar indicações de como será a economia dos próximos anos.
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