FGV anuncia revisão metodológica de índice que mede inflação da construção

INCC monitora a evolução mensal dos preços de materiais, equipamentos, serviços e mão de obra do setor; mudança passa a valer a partir de julho

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RIO – O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) anunciou uma revisão metodológica do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) a partir de julho de 2023. A nova estrutura sofrerá alterações na cesta e no peso dos itens pesquisados.

A abrangência geográfica permanece a mesma, mas os pesos das regiões no cálculo do índice também sofrerão alterações: cidades do Sudeste ganham importância, enquanto as demais perdem participação. As mudanças visam atualizar a apuração do indicador, para expressar de forma mais realista a estrutura de custos de empresas do setor de construção após mudanças conjunturais e estruturais ocorridas nos últimos anos na economia brasileira e no próprio segmento.

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“A nova composição foi construída a partir de orçamentos analíticos gentilmente cedidos pelas construtoras de maior expressão no cenário nacional. Os orçamentos referem-se a empreendimentos residenciais efetivamente executados entre 2018 e 2022. As ponderações do novo INCC serão apresentadas em três padrões construtivos (econômico, médio e alto) e nas sete cidades componentes do INCC”, explicou a FGV, em nota sobre a mudança metodológica.

Criado em 1944, o INCC monitora a evolução mensal dos preços de materiais, equipamentos, serviços e mão de obra da construção no Brasil. O indicador é um dos componentes (ao lado da inflação no atacado e da inflação no varejo) do Índice Geral de Preços (IGP), do Ibre/FGV, em suas três versões: IGP-10, IGP-Mercado (IGP-M) e IGP-Disponibilidade Interna (IGP-DI).

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FGV alterará peso dos produtos no cálculo da inflação para a construção civil, mas abrangência de regiões permanecerá a mesma Foto: CLAYTON DE SOUZA / AE

“A diferença entre elas é apenas o período de coleta, que ocorre sempre ao longo de 30 dias, mas com intervalos de 10 dias entre uma e outra”, lembrou a FGV. “Os pesos que vigorarão a partir de julho de 2023 serão atualizados separadamente para as versões 10, M e DI do INCC, após serem atualizados pelas respectivas taxas de variação de preços e após divulgados os resultados destes índices referentes a junho de 2023.”

A atual cesta do INCC é composta por 52 subitens, sendo que 11 subitens detalham a mão de obra. Na nova amostra, os pesquisadores conduziram uma depuração dos insumos básicos, eliminando ou agrupando itens de baixa representatividade no custo total das obras. Ainda assim, a nova cesta é composta por 79 tipos de materiais, equipamentos e serviços, incluindo 19 categorias de mão de obra relevantes.

Os custos dos materiais e equipamentos respondem por 54,78% do novo INCC; os serviços, por 5,80%; e a mão de obra, por 39,42%.

Entre os itens que perderam peso no cálculo do INCC estão servente (de 9,73% de participação na cesta atual para 2,00% após a revisão metodológica), carpinteiro de forma, esquadria e telhado (de 5,68% para 2,98%), engenheiro (de 4,15% para 3,06%), tubos e conexões de ferro e aço (de 1,63% para 0,20%) e argamassa (de 1,93% para 0,84%).

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Na direção oposta, alguns itens que ganharam importância na cesta de custos foram vergalhões e arames de aço ao carbono (de 3,02% para 6,50%), materiais elétricos (de 0,92% para 2,07%), esquadrias de alumínio (de 1,85% para 2,78%), massa de concreto (de 2,27% para 4,45%), pedreiro (de 6,07% para 7,90%) e armador ou ferreiro (de 1,65% para 3,04%).

Os preços continuarão sendo coletados em sete cidades: São Paulo (que passa de uma participação de 43,29% no INCC atual para uma fatia de 44,51% sob a nova ponderação), Rio de Janeiro (de 9,49% para 14,27%), Belo Horizonte (de 11,13% para 16,16%), Recife (de 5,24% para 3,81%), Salvador (de 9,31% para 7,84%), Porto Alegre (de 11,04% para 10,54%) e Brasília (de 10,5% para 2,87%).

“Os novos pesos foram extraídos das Contas Regionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e refletem, conforme o PIB (Produto Interno Bruto), o peso da construção civil nos Estados onde os Municípios destas cidades estão localizados”, justificou a FGV, em nota técnica.

No novo INCC, o padrão construtivo econômico ficou com peso de 33% do cálculo do índice; o padrão médio, 41%; e o alto, 26%.

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“A revisão da estrutura de ponderação do INCC ampliou o número de subitens componentes do indicador tornando-o mais aderente à modernização dos processos construtivos de habitações residenciais. A separação dos orçamentos analíticos por padrão construtivo também revelou como materiais e equipamentos podem ter peso distinto entre construções de diferentes padrões e tecnologias, revelando quais itens influenciam construções destinadas a diferentes públicos”, acrescentou o documento.

O Ibre/FGV publicará em seu site a tabela de correspondência entre a estrutura antiga e a nova para orientação dos usuários do indicador.

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