FMI inverte projeção e prevê queda de 1,3% no PIB do Brasil

Segundo pesquisa, o declínio do PIB brasileiro em 2009 é igual ao projetado para o PIB mundial em 2009

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Por Nalu Fernandes e da Agência Estado

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a projeção para o PIB do Brasil e agora prevê declínio de 1,3% em 2009 ante estimativa de crescimento de 1,8% feita em janeiro deste ano. A projeção para o PIB do País em 2010 foi reduzida para crescimento de 2,2%. Em janeiro, o FMI previa avanço maior do PIB, de 3,5%.

 

 

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O declínio do PIB brasileiro em 2009 é igual ao projetado para o PIB mundial no ano, ambos -1,3%. Na revisão anterior, de janeiro, a estimativa indicava que a taxa de crescimento do Brasil ainda seria superior à da economia global neste ano, e, mais do que isso, os dois números estavam no território positivo. Agora, o País segue exatamente o mesmo padrão estimado para as outras economias do planeta, que é o de declínio econômico em 2009 e de PIB no território positivo em 2010.

 

O diretor adjunto do Departamento de Pesquisa do Fundo Monetário Internacional, Charles Collyns, elogiou as medidas adotadas pelo governo brasileiro para responder aos efeitos do choque mundial sobre a economia doméstica e ponderou que projeção do FMI para o PIB brasileiro foi afetada pela visão do Fundo para a economia mundial, e não por alguma questão particular do País.

 

"As autoridades brasileiras estão usando, de forma ativa, políticas macroeconômicas para responder ao choque, tanto na instância fiscal quanto no corte agressivo da taxa de juro. É muito bem-vindo que o Brasil tenha se colocado para responder desta forma. Isto certamente está ajudando a amortecer o impacto dos grandes choques globais sobre o Brasil".

 

Em parte pelas medidas adotadas pelo governo brasileiro, Collyns diz que "há sinais de melhora" para a economia do País no primeiro trimestre deste ano. No quarto trimestre de 2008, lembra ele, o impacto foi "importante" sobre o País diante da combinação de choques, como declínio nos preços das commodities para os produtos que o Brasil exporta, aperto nas condições financeiras e desaceleração mundial no comércio.

 

"No entanto, nossa visão global é que a economia mundial vai continuar lutando este ano, o ritmo vai acelerar gradualmente e retornar ao crescimento no próximo ano e a projeção para o Brasil tinha de ser afetada por esta visão global", acrescentou. "Não é que acreditemos que o Brasil seja particularmente fraco. Ao contrário, o Brasil é membro importante da economia global, e as projeções para o País foram reduzidas em linha com as projeções para a economia mundial."

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BRIC

 

Segundo os dados, China e Índia serão os dois únicos países do chamado grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) que vão registrar expansão positiva do PIB este ano. De toda forma, assim como as outras economias mundiais, as taxas de crescimento estimadas para os dois países também tiveram projeções reduzidas nesta divulgação do documento Perspectiva Econômica Mundial (WEO), preparado para o Encontro de Primavera do Fundo.

 

Para 2009, a estimativa do FMI é que o PIB chinês avance 6,5%, pouco abaixo da projeção anterior de 6,7%, divulgada em janeiro, e metade do crescimento de 13% registrado em 2007, antes da crise. Contudo, o FMI diz que a taxa projetada para este ano "ainda é uma forte performance diante do contexto global". Para o próximo ano, o país deve crescer 7,5%, número pouco alterado em relação aos 8,0% esperados anteriormente.

 

Para a Índia, o FMI prevê crescimento de 4,5% neste ano, abaixo dos 5,1% estimados na divulgação anterior do WEO, em janeiro. Para 2010, o PIB indiano deve ficar em 5,6%, abaixo da estimativa anterior de 6,5%.

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De acordo com o FMI, o PIB da Rússia terá recuo de 6,0% este ano, em comparação com a leve queda de 0,7% estimada antes. No próximo ano, o FMI prevê que o país terá leve crescimento de 0,5%, ante projeção anterior de 1,3%. Para o Brasil, a projeção é de declínio de 1,3% este ano e expansão de 2,2% em 2010.

 

Américas

 

Para o Hemisfério Ocidental, região que compreende as Américas, o número projetado também caiu no território negativo. O PIB do Hemisfério foi cortado para um declínio de 1,5% em 2009 ante o número anterior que indicava expansão de 1,1%. Para 2010, o número projetado caiu de crescimento de 3% para avanço de 1,6%.

 

O PIB da América Central deve avançar 1,1% este ano e subir 1,8% no próximo. Para o Caribe, a estimativa do FMI é de queda de 0,2% em 2009 e crescimento de 1,5% em 2010. O PIB da região compreendida por América do Sul e México deve ter retração de 1,6% neste ano e registrar um avanço na mesma magnitude em 2010. Para esta região e também para as outras economias do Hemisfério, citadas abaixo, o FMI não fornece base de comparação para os números, pois o WEO divulgado em janeiro não abria os dados para estas economias.

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De acordo com o Fundo, a Argentina deve declinar 1,5% em 2009 e expansão de 0,7% no próximo ano. O Chile deve ter leve crescimento de 0,1% este ano e subir 3% no próximo ano. O relatório aponta que o PIB da Colômbia deve ficar estável neste ano e crescer 1,3% no próximo ano. A economia do Equador deve declinar 2% em 2009 e expansão de 1% em 2010, estima o FMI.

 

O PIB do México deve ter contração de 3,7% em 2009 e avançar 1% no próximo ano. Para o PIB do Peru, a previsão é de expansão de 3,5% neste ano e crescimento de 4,5% em 2010. De acordo com o documento do FMI, a economia do Uruguai deve crescer 1,3% em 2009 e 2% em 2010. O PIB da Venezuela deve declinar 2,2% este ano e cair 0,5% em 2010.

 

De acordo com o diretor-adjunto do Departamento de Pesquisa do FMI, Charles Collyns, a América Latina, em particular, atravessa uma "séria desaceleração econômica". A região é afetada simultaneamente por três choques, segundo ele: "perda drástica do dinamismo do comércio mundial, maior recessão das condições financeiras e queda pronunciada dos preços das matérias-primas. Como resultado para 2009 se projeta uma contração do PIB real superior a 1% seguida por uma recuperação em 2010".

 

No entanto, Collyns destaca que a América Latina evitou as graves crises externas como aquelas que experimentou no passado em momentos de dificuldades mundiais. "Esta fortaleza é resultado do aumento nos últimos anos da disciplina na implementação de políticas econômicas, o que deu maior margem de manobra aos governos para enfrentar choques externos", acrescentou Collyns.

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