Brasília - Sob o efeito da redução de preço dos combustíveis e do alívio em preços de commodities, a projeção para a inflação de 2023 teve uma queda significativa no Boletim Focus desta semana, enquanto a estimativa para 2024, foco da política monetária, continuou sua trajetória de leve recuo.
A expectativa para o IPCA, o índice de inflação oficial, deste ano no Focus - uma pesquisa feita pela Banco Central com analistas de mercado - cedeu de 6,03% para 5,8%. Um mês antes, a mediana era de 6,04%. Para 2024, a projeção mostrou redução pela terceira semana seguida, de 4,15% para 4,13%, ante 4,18% de quatro semanas atrás.
Apesar da queda forte nesta semana, a mediana no Focus para a inflação oficial em 2023 ainda está cerca de 1 ponto porcentual acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central. Para 2024, a mediana supera o centro da meta (3%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,5%.
Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC manteve suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,8% em 2023 e 3,6% para 2024. Em um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante, as projeções da autoridade são de 5,7% para 2023 e 2,9% para 2024.
Em declaração feita ao chegar ao ministério na manhã desta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a redução da inflação para 2023 apontada pelo boletim Focus “está em linha com as projeções da SPE (Secretaria de Políticas Econômicas)”.
Projeções para a Selic
Em relação à taxa básica de juros, a expectativa para o fim de deste ano continuou estável no Boletim Focus. No início do mês, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela sexta reunião seguida. A mediana para a Selic no fim de 2023 seguiu em 12,5% ao ano pela quinta semana consecutiva. Para o término de 2024, a expectativa também continuou em 10% pela 14ª vez.
Na terceira reunião do Copom no novo governo Lula, o colegiado afirmou que a apresentação do arcabouço fiscal reduziu parte da incerteza, mas que a conjuntura é marcada por um processo de desinflação que tende a ser lento em meio às expectativas de inflação desancoradas. Segundo o colegiado, esse contexto demanda maior atenção na condução da política monetária.
O BC ainda repetiu que vai continuar vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa Selic por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação à meta. Mas acrescentou que o cenário de retomada da alta de juros é menos provável, embora garanta que não hesitará em tomar esse caminho caso o processo de desinflação não ocorra como o esperado.
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