BRASÍLIA - Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai se reunir, em meio ao processo de desancoragem das expectativas de inflação e ao impasse de Lula na condução da política fiscal, o mercado elevou a projeção da Selic para 2024 para 10,50% ao ano, de 10,25% da última semana. Há um mês, o patamar era de 10,00%.
O Copom abandonou o forward guidance (orientação) da reunião de março e cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,50% ao ano em maio. A decisão dividida do colegiado deixou os indicados pela gestão Lula do lado que seguiria a sinalização de redução de 0,50 ponto, enquanto os diretores que já estavam no BC antes deste governo optaram por diminuir o ritmo de cortes neste momento. Na ata, houve um grande movimento para explicar que a divergência se deu pela avaliação do custo reputacional de abandonar a sinalização.
Ao justificar a decisão, o BC disse entender que ela é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Nesta semana, o Comitê volta a se reunir para definir o rumo da taxa básica de juros. A posição majoritária do mercado é de que o Comitê vai interromper o ciclo de cortes e manter a Selic em 10,50%, que deve ser o patamar terminal deste ano.
No Relatório de Mercado Focus, a expectativa para a inflação deste ano foi elevada pela sexta semana consecutiva no Relatório de Mercado Focus divulgado hoje. A projeção de 2024 passou de 3,90% para 3,96%. Um mês antes, a mediana era de 3,80%. Para 2025, foco principal da política monetária, a projeção subiu de 3,78% para 3,80%, ante 3,74% de um mês atrás.
Para 2025, a projeção passou de 3,77% para 3,83%, considerando 120 atualizações no período. Para 2026, a projeção seguiu em 3,60% ante 3,50% de um mês atrás. O governo já sinalizou a manutenção da meta de inflação em 3,0% para este e os próximos anos, mas ainda não publicou o decreto para regulamentar a meta contínua.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o documento seria conhecido até o fim deste mês. A informação havia sido adiantada ao Estadão/Broadcast pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello. No horizonte mais longo, de 2027, a estimativa seguiu em 3,50%, como está há 50 semanas.
As estimativas do Relatório de Mercado Focus continuam acima do centro da meta para a inflação, de 3,00%. O IPCA de 2023 ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta (4,75%, para um centro de 3,25% no ano passado), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022.
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou em maio projeção de 3,8% para o IPCA de 2024, após o indicador ter ficado em 3,5% nas reuniões anteriores, de dezembro, janeiro e março. Para 2025, a projeção também subiu, para 3,3%.
Câmbio
O cenário esperado para o câmbio brasileiro este ano foi revisado no Relatório de Mercado Focus desta semana. A estimativa para o câmbio no fim de 2024 subiu de R$ 5,05 para R$ 5,13, ante R$ 5,04 de um mês antes. Para 2025, por sua vez, a mediana passou de R$ 5,09 para R$ 5,10, de R$ 5,05 de um mês atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
PIB
O mercado também revisou a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, que oscilou para baixo. A mediana para a alta da atividade deste ano passou de 2,09% para 2,08%. Um mês atrás, estava em 2,05%. Para 2025, no entanto, o documento manteve a estimativa de crescimento do PIB em de 2,00%, como já está há 27 semanas. Em relação a 2026, a mediana continuou em 2,00% pela 45ª semana consecutiva.
O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2027, que se mantém em 2,00% por 47 semanas. A estimativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,5%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,9% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.
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