Fôlego menor da inflação não ilude economista

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Por Agencia Estado
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Mesmo com a inflação tendo começado o ano com menos fôlego, como demonstram o IPC da Fipe e o IPV da Fecomércio (SP) divulgados ontem, as perspectivas inflacionárias para este ano trazem uma certa dose de apreensão. O economista Maurício Levy, diretor da Fama Investimentos, está na lista dos descrentes de que o Banco Central conseguirá cumprir a meta de inflação de 5,1% para este ano. Na opinião dele, o BC está dando "muito remédio" à economia, em uma referência à política de juros altos para controlar a inflação. "Muito remédio é ruim, como pouco remédio também", disse, em entrevista ao Conta Corrente, da "Globo News". Levy usa a matemática para justificar sua tese. "O resultado do IGP-M de 2004 (12,5%) acarretará aproximadamente 3% de inflação nos preços administrados este ano. Para uma meta de 5,1%, isso significa que todos os outros preços da economia tenham de ser comprimidos para subir somente 2,1% e atingir a meta. Isso é muito difícil de ocorrer." Em 2004, segundo Levy, os preços livres subiram 5%. Além disso, há também a inflação americana, que está na casa de 1,7% a 1,8% anualizada. Diante desses números, dificilmente se conseguirá comprimir os preços dentro de uma alta de 2,1%, até porque há a perspectiva de um choque de petróleo, alta do aço ou "qualquer outra matéria-prima que tenha novas altas". Um dos caminhos para minimizar os efeitos da política econômica, observou Levy, é diminuir os gastos do governo. Em vez de economizar, o economista apontou que a administração federal prefere aumentar a carga tributária da indústria e da sociedade. Por isso, ele classificou como muito importante o aceno dado pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de que o governo pode modificar a MP 232, que eleva a carga tributária de prestadores de serviços. "Alguma concessão o governo vai acabar fazendo no Congresso. Mas isso não tira o absurdo da medida. Os movimentos da OAB e da Fiesp contra aumento de impostos são totalmente positivos." Sobre a preocupação da Fiesp com os resultados do setor industrial para 2005, Levy disse que a taxa de juro real no nível em que está, associada ao dólar baixo e à carga tributária alta, pode, sim, afetar os resultados não só do setor, mas da economia como um todo. "É questão de tempo para sentirmos isso."

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