Freio no juro pelo BC expõe gastos do governo

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A ?pausa? no processo de redução dos juros decidida este mês pelo Comitê de Política Monetária (Copom) vai reforçar a discussão sobre o crescimento dos gastos do governo, avaliam economistas. ?É uma questão de escolha?, disse o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero. ?Se o governo decide que vai continuar aumentando o crédito, estimulando o consumo e o investimento e também seguir elevando os gastos, é preciso saber que os juros terão de ficar mais altos.? ?Não é do estilo do Banco Central ficar no morde-e-assopra?, disse o coordenador do Núcleo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, ao comentar a possibilidade de os juros ficarem estacionados em 11,25% ao ano por algum tempo. Nesse período, acredita ele, ganhará peso a discussão sobre a influência dos gastos públicos na inflação e, por conseqüência, nos juros. Ele comentou que, embora as atas das reuniões do Copom não sejam muito enfáticas na questão do gasto público, a estrutura de despesas do governo é a verdadeira razão pela qual as taxas de juros caíram tão lentamente a partir de setembro de 2005. ?Levaram dois anos para reduzi-la em 8 pontos porcentuais?, observou. Se houvesse mais comedimento nas despesas, acredita, a taxa poderia ter caído mais rápido. A ata da reunião de outubro menciona a influência dos ?impulsos fiscais? como um dos fatores que levaram à decisão de parar com a queda dos juros. O tom é mais moderado do que no passado, acredita o economista da CNI, porque o governo já optou por ampliar suas despesas. Essa foi uma das conclusões do 2º Encontro Nacional da Indústria, realizado na semana passada em Brasília. Ficou no empresariado um entendimento de que o governo dificilmente atenderá aos alertas quanto à trajetória das despesas públicas, classificada como ?insustentável? no documento divulgado no fim do evento. O remédio, acreditam os industriais, é fixar um limite máximo para a carga tributária. Enquanto a arrecadação continuar batendo recordes, não haverá freio para os gastos.

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