Fusões e aquisições voltam a crescer nos EUA; movimento pode beneficiar o Brasil

Segundo especialistas, quando o capital americano volta às compras, acaba alavancando os negócios entre empresas em todo o mundo

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NOVA YORK e SÃO PAULO - A retomada dos negócios de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) nos Estados Unidos nas últimas semanas deve avançar para outros mercados, incluindo o Brasil, na avaliação de especialistas. Embora grandes negócios estejam acontecendo, em 2022 o ritmo das operações tem sido mais fraco que o esperado no mercado brasileiro, com algumas companhias aguardando um quadro de menor incerteza fiscal e política, após as eleições, para avançar nas conversas de compra ou venda.

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Dados da S&P Global Market Intelligence, a pedido do Estadão/Broadcast, mostram que as transações anunciadas no Brasil no acumulado de agosto somam US$ 1,74 bilhão, quase R$ 9 bilhões. O volume é inferior ao de julho, que totalizou US$ 2,24 bilhões ou R$ 11,4 bilhões. No entanto, já encostam na cifra de junho, de US$ 1,83 bilhão, ou mais de R$ 9,3 bilhões.

Em número de negócios, porém, assim como nos EUA, no Brasil, agosto ainda está mais tímido. Até o momento, foram 17 transações contra 40 em junho e 53 em julho, de acordo com a S&P Global Market Intelligence.

“O movimento de retomada dos M&As começa nos EUA, mas se espalha para outros países. Quando o capital americano volta às compras, mira não somente os Estados Unidos como o resto do mundo também”, diz o sócio do escritório de advocacia norte-americano Hughes Hubbard & Reed LLP, Carlos Lobo.

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De acordo com ele, a velocidade com que o “fenômeno norte-americano” chegará nos outros países vai depender das circunstâncias. No Brasil, por exemplo, as eleições presidenciais em outubro gera incertezas, pondera. No entanto, na força contrária, o País já apresenta queda na inflação e o processo de aperto monetário está próximo do fim.

“O Brasil pode se beneficiar do movimento nos Estados Unidos assim como a América Latina”, afirma Lobo, em entrevista ao Broadcast.

No Brasil, dados da Kroll mostram que as M&A anunciadas em julho caíram 17% na comparação com o mesmo mês do ano passado, o sexto mês consecutivo de redução. No primeiro semestre, foram anunciadas 735 transações, contra 752 no mesmo período de 2021.

Nos bancos de investimento, as receitas tiveram queda no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2021, por conta do esfriamento dos negócios no Brasil, mas a sinalização é que as fusões e aquisições podem avançar. No BTG Pactual, o sócio e diretor de relações com investidores, Renato Cohn, contou na teleconferência de resultados que o banco está com uma agenda “robusta” de negócios em M&A para serem executados nos próximos meses. “Estamos confiantes que as receitas vão continuar sendo bastante robustas nos próximos dois trimestres.”

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BTG Pactual tem agenda robusta de novos negócios Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Com o mercado de ações fechado, no Brasil e no mundo, por conta do ambiente de pressão inflacionária, juros em alta e tensão geopolítica, o cofundador e sócio da gestora monashees, Eric Acher, avalia que um M&A pode ser uma opção “muito realista” de saída dos fundos do capital da empresa. “Nessa janela agora, talvez seja o momento de M&A de consolidação.” Assim, uma das tendências que deve ganhar força no Brasil são os M&A entre as empresas nascentes que receberam aportes de fundos, embora às vezes, esse movimento tenha resistência dos fundadores da companhia, que não querem abrir mão de seus negócios.

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