Anunciado por Fernando Haddad como o próximo secretário-executivo do Ministério da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gabriel Galípolo é mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e tem passagem tanto pelo setor público como pelo privado.
Ele é apontado por colegas como um negociador habilidoso com trânsito no setor empresarial e financeiro que gosta de trabalhar em equipe. Para um economista da Unicamp que o conhece, Galípolo está longe de ser um liberal como Paulo Guedes, mas também não é um radical à esquerda.
O próximo número dois da Fazenda já foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (2007) e diretor de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (2008).
Ex-presidente do Banco Fator, entre 2017 e 2021, ele é professor da UFRJ, pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e conselheiro da Fiesp.
Para o economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o fato de Galípolo ter atuado no setor público, na academia e na área financeira é uma vantagem na articulação política. “Essa experiência dá uma visão menos ingênua na execução política”, diz Gonçalves.
Galípolo também é co-autor do livro “Manda Quem Pode, Obedece Quem tem Prejuízo”, lançado pela Editora Contracorrente, sobre o funcionamento do mercado financeiro e a relação da economia com a política.
Ele foi convidado para integrar a equipe da Fazenda por Haddad no final de semana, mas apresentava resistências em aceitar o cargo. Antes, estava cotado para presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), posto que ficará com o coordenador do programa de governo de Lula, o economista e ex-ministro Aloizio Mercadante. Uma “operação” que envolveu interlocutores do próprio presidente eleito foi montada para Galípolo ficar com o cargo.
O economista começou a despertar mais atenção em novembro, quando acompanhou a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores, em um jantar com empresários em São Paulo, promovido pelo grupo Esfera Brasil.
Sua presença foi interpretada como uma tentativa do partido de buscar um discurso menos radical na economia, com Galípolo se empenhando em reduzir a tensão entre Lula e parte do setor financeiro. O economista é próximo ao PT há mais de dez anos. Em 2010, colaborou na construção do plano de governo do ex-ministro Aloizio Mercadante.
Durante a campanha eleitoral, Galípolo tornou-se um dos principais interlocutores da campanha petista com o mercado, principalmente em relação às questões fiscais e o tamanho da licença para gastar que seria necessária no início do governo caso Lula fosse eleito.
Ele já disse ver com cautela a independência do Banco Central e o teto de gastos. Para ele, o País não deveria ter um regime fiscal pró-cíclico, ou seja, que acaba acentuando o ciclo econômico para o bem ou para o mal. Assim, o mais indicado, por exemplo, quando a economia piora, seria expandir os gastos públicos e não cortar, como exige o teto. Nas suas palavras, o teto ruiu, e é preciso pensar em uma regra fiscal que consiga ter um horizonte temporal mais amplo.
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