Galípolo: ‘A alta do juro está na mesa do Copom, e precisamos ver como a situação irá se desdobrar’

Diretor do BC diz que a atuação do colegiado saiu de um ciclo de corte no juro para a disposição em conviver com uma taxa mais alta por mais tempo e, se necessário, elevá-la

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O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira, 12, que a autoridade monetária está dependendo dos dados para tomar sua próxima decisão e que uma alta de juro “está na mesa” do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo Galípolo, o colegiado também não forneceu nenhum guidance (tendência) para decisões futuras na ata da última reunião, ocorrida no final de julho.

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O diretor de política monetária afirmou que a menção ao cenário alternativo na ata mais recente, em que o IPCA ficaria em 3,2% no primeiro trimestre de 2026 — horizonte relevante da política monetária — não deve ser lida como um indicativo de que o BC irá, necessariamente, manter a Selic parada em 10,5%. “Essa frase foi lida como retirar da mesa a possibilidade de alta (na Selic), mas esse não é o diagnóstico. A alta está na mesa do Copom, e precisamos ver como a situação irá se desdobrar”, detalhou Galípolo.

Ele disse que a atuação do colegiado saiu de um ciclo de corte para uma percepção de que o Copom está disposto a conviver com um juro mais alto por mais tempo e que, se for necessário, pode haver alta de juro.

'Enquanto diretor do BC, vamos perseguir (a meta). Isso pode se dar com um custo maior ou menor', diz Galípolo Foto: Felipe Rau/Estadão

Quando questionado sobre os impactos da política fiscal no trabalho do BC, Galípolo afirma que o desenrolar da política fiscal não pode mudar a percepção da autoridade monetária sobre a perseguição da meta de inflação. “Enquanto diretor do BC, vamos perseguir (a meta). Isso pode se dar com um custo maior ou menor”, afirmou.

Juro nos EUA

Galípolo também afirmou que o início dos cortes de juros nos Estados Unidos pode não representar uma grande mudança de cenário para as decisões de juros no Brasil, uma vez que o movimento já foi em parte precificado.

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“Existe o risco de que, dado que já está na curva, as expectativas de cortes podem estar já nos preços (...) Então, a ideia de que a chegada do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) pode ser uma grande mudança, não necessariamente” pode se confirmar, afirmou.