Com influência da valorização do dólar, o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobrás e Eletrobrás) teve gasto recorde com pagamento de juro em setembro e no acumulado de 2015.
Os valores são os maiores da série de dados do Banco Central (BC), iniciada em 2001.
Em setembro foram gastos R$ 69,993 bilhões com pagamento de juros, conforme informou nesta quinta-feira, 29, o Banco Central. No mês anterior, agosto, o gasto foi de R$ 49,703 bilhões.
No acumulado de janeiro a setembro, a despesa com juros ficou em R$ 408,319 bilhões - ou 9,51% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 12 meses, os gastos com juros alcançaram 8,89% do PIB, o mais elevado desde novembro de 2003.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, afirmou que o aumento do gasto com juros se deve a operações de swap cambial (negociação de dólar no mercado futuro).
Maciel explicou que a valorização do dólar de 9% no mês de setembro influenciou as operações de swap cambial realizadas pelo Banco Central. O swap é um dos instrumentos usados pelo BC para tentar conter a cotação do dólar. Em setembro, o dólar atingiu sua maior cotação histórica (sem considerar a inflação), chegando a fechar em R$ 4,13 no dia 23 de setembro.
Mas ele ponderou que a mesma desvalorização tem impacto favorável sobre a dívida. “O efeito disso sobre as reservas internacionais (estoque de dólar à vista do BC) supera largamente o impacto sobre os swaps”, afirmou. “No ano, a cada um real de perda nas operações de swap tem um ganho de três reais em valorização das reservas internacionais”.
Déficit. O déficit primário do setor público foi de R$ 7,318 bilhões em setembro. Assim, considerando o pagamento de R$ 69,993 bilhões em juros no mês, o déficit nominal resultante atinge o recorde de R$ 77,311 bilhões.
Já no acumulado de 2015, o déficit primário foi de R$ 8,423 bilhões (0,20% do PIB). O resultado do acumulado do ano é melhor que o de idêntico período de 2014, quando o déficit somava R$ 15,286 bilhões (0,38% do PIB).
O déficit nominal, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, está também no maior valor da série de dados, em R$ 416,742 bilhões ou 9,70% do PIB. (Com informações de Célia Froufe e Bernardo Caram)
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