Braço social da B3 prevê R$ 60 milhões para iniciativas de impacto e quer mercado engajado na agenda

Com quase R$ 300 milhões investidos em cinco anos, aporte da B3 Social em 2025 deve seguir focado em educação, prevendo mobilizar empresas para não recuarem em investimentos sociais

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Foto do author Shagaly Ferreira

Enquanto o cenário geopolítico de medidas anti-ESG e de desinvestimento na área, fortalecido pelo governo dos EUA, pressiona a agenda social nas grandes empresas, segmentos corporativos no Brasil têm buscado manter o fôlego da pauta no mercado.

O esforço mais recente vem da Bolsa de Valores brasileira, a B3, por meio do seu braço filantrópico, a B3 Social. Nesta quarta-feira, 19, a entidade filantrópica anunciou que fará o investimento de R$ 60 milhões em atividades de impacto social em 2025, com foco em áreas estratégicas de aperfeiçoamento da educação pública. O valor é igual ao montante destinado para o mesmo fim no ano passado.

Braço social da B3 renovou investimento milionário em iniciativas de impacto Foto: Werther/Estadão

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A iniciativa faz coro ao anúncio de reforço da agenda feito pelo CEO da B3, Gilson Finkelsztain, no início do mês, em um evento pela equidade de gênero na sede da Bolsa. Na ocasião, ele declarou que iniciativas de incentivo aos temas da agenda social, diversidade e inclusão na companhia não seriam encarados como “uma moda”, e que a B3 “não iria retroceder”.

Por meio da B3 Social, que passou por uma reestruturação durante o início da pandemia, foram destinados R$ 294 milhões a iniciativas de impacto social no Brasil, focadas em educação, ao longo de cinco anos. Os eixos prioritários dos aportes, já feitos para mais de mil projetos, foram: alfabetização e matemática, formação para vida e trabalho e esporte-educação.

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Em 2025, com a manutenção dos investimentos no Brasil, a divisão social da B3 pretende reforçar não só o compromisso com a redução de desigualdades sociais como o desejo de inspirar o mercado a manter o engajamento na agenda, afirma a gerente de investimento social da B3, Fabiana Prianti.

“Temos falado muito sobre a indução de boas práticas e a importância da B3, com sua filantropia, induzir o mercado e outras empresas a destinarem recursos ou pensarem na destinação de seus recursos de uma forma mais estratégica”, diz a gestora.

Fabiana Prianti é gerente de Investimento Social da B3 Foto: B3/Divulgação

“Vamos continuar sempre olhando para frente e trazendo outros conosco. Esse é o principal ponto. Nós nos vemos muito nesse papel, devido à história e à reputação da B3. Sabemos que existe a possibilidade de influenciar, então que seja essa influência positiva, que traz impacto e melhoria para a sociedade”, complementa.

Educação resiliente

Sem perder de vista iniciativas de impacto na educação, o foco do aporte deste ano deve priorizar ações de incentivo ao aprendizado da matemática, para preparação de gerações futuras para a educação financeira, além de trabalhar a chamada “educação resiliente”, quando são pensadas soluções de manutenção da educação frente aos efeitos físicos da crise climática, explica Prianti.

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“Estamos muito focados em melhoria da aprendizagem da matemática, pois temos um problema com essa aprendizagem que precisa ser olhado em diversas dimensões. Quanto à educação resiliente às mudanças climáticas, esse é um problema global, e estamos falando de construção de conhecimento, de pesquisa para entender. Qual criança aprende em uma escola que está a 40° C de temperatura? É impossível. Temos que olhar antes, falar de infraestrutura.”

A B3 Social pretende atuar de forma colaborativa com políticas públicas estaduais, tais como: Formação de Lideranças no Rio Grande do Sul, com o Centro Lemann; no programa Educação Integral, no Pará; com o Instituto Natura, na Bahia; e com Itaú Educação e Trabalho, em outros Estados.

“É sempre um coinvestimento. Olhamos para alianças, movimentos e outras instituições que investem junto. Uma das principais razões para isso é que esse recurso possa ser multiplicado e potencializado”, diz a gestora.

Segundo dados da entidade, os valores utilizados para investimentos filantrópicos da B3 Social tem origem nos rendimentos de um fundo criado a partir da fusão das antigas bolsas BM&F e Bovespa, antes da criação da B3. A instituição social também recebe aportes anuais da B3 S.A.

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