Bancos são as empresas com maior reputação em ESG, segundo pesquisa; veja o top 10

Ampliação de acesso ao crédito e às diversas formas de financiamento com critérios ESG seriam as principais explicações, segundo pesquisa da Insight Comunicação

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Foto do author Beatriz  Capirazi
Atualização:

Os bancos se destacam entre as empresas brasileiras com maior reputação ESG (sigla em inglês para a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa), segundo o Anuário Integridade ESG, idealizado pela Insight Comunicação em homenagem a Semana do Meio Ambiente, data comemorada nesta segunda-feira, 5. O estudo foi obtido pelo Estadão em primeira mão.

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O levantamento aponta que o setor financeiro, predominante no top 10 do ranking das 100 empresas brasileiras com maior reputação na área, é um dos maiores responsáveis por fomentar práticas ESG no mundo corporativo atualmente.

Ainda segundo o estudo, que analisou dados referentes às iniciativas e investimentos corporativos no âmbito das questões ambientais, sociais e de governança, a explicação para isso seriam as ações práticas do setor, que impulsionam a ampliação de acesso ao crédito e às diversas formas de financiamento com critérios ESG.

O diretor de sustentabilidade do Bradesco, Marcelo Pasquini, em quarto lugar na pesquisa, e Luciana Nicola, diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Itaú Unibanco, em quinto lugar, destacam que o grande diferencial dos bancos neste sentido é alinhar os objetivos do setor com a agenda ESG, garantindo que haja geração de valor para os diversos públicos com os quais o banco se relaciona.

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Ambev é destaque

Embora as instituições financeiras tenham se destacado no levantamento, as três primeiras posições do estudo, são ocupadas por empresas de outras áreas, com a Ambev ocupando a primeira posição no ranking classificada como a empresa com a maior reputação ESG do Brasil.

Para a vice-presidente de impacto positivo e relações corporativas da Ambev, Carla Crippa, o destaque na pesquisa é consequência da cultura da empresa ir além do conceito da sigla e transformar todos estes ideais em ações efetivas.

“Mais do que idealizar, estimulamos nossos times a colocarem em prática. Queremos gerar impacto positivo para nossa gente, parceiros, fornecedores, clientes e consumidores, agregar valor a todo ecossistema”, afirma Crippa.

Carla Crippa, VP de Impacto Positivo e Relações Corporativas da Ambev. Foto: Divulgação/ Ambev

Uma das iniciativas da empresa é combater o alto consumo de energia elétrica e emissões de gases de efeito estufa na atmosfera gerado pelos refrigerantes dos bares. Para sanar esta questão, a empresa criou uma fábrica que visa transformar geladeiras tradicionais em equipamentos mais ecológicos de seus parceiros.

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Inaugurada em fevereiro de 2022, a fábrica já reformou mais de 23 mil geladeiras, o que representa uma redução de mais de 3.752 toneladas de emissões de CO2 pelo reaproveitamento de materiais.

A Gerdau, que anunciou na semana passada uma parceria com o festival The Town, que acontece em setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, ocupa a terceira posição do ranking, demonstrando que a iniciativa de dissociar sua marca do estereótipo de uma siderurgia tradicional tem sido efetiva. “A sustentabilidade é um pilar estratégico do nosso negócio e faz parte, cada vez mais, do planejamento e tomadas de decisão da empresa”, afirma o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck.

Para ranquear as 100 empresas, a Insight Comunicação usou como base o iESG (Índice Imagem ESG), medindo a reputação corporativa a partir da visibilidade das citações positivas ou negativas das empresas, relacionadas à agenda ESG em mais de 2.000 veículos de mídia com maior relevância no país

Abaixo, o ranking das empresas com maior reputação ESG.

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  • 1º - Ambev;
  • 2º - Suzano;
  • 3º - Gerdau;
  • 4º - Bradesco;
  • 5º - Itaú;
  • 6º - Santander;
  • 7º - Banco do Brasil;
  • 8º - Ambipar;
  • 9º - B3;
  • 10º - Natura.

O Anuário ainda aponta que além dos bancos, os setores mais representativos quanto a temática de ESG, somando 75% da audiência relacionada à temática no Brasil são: alimentos e Bebidas; petróleo, gás e derivados; varejo; energia; mineração e siderurgia; cosméticos; e papel e celulose.

ESG como negócio

Para os analistas ouvidos pelo Estadão, o estudo demonstra o peso que as práticas ESG tomaram nas grandes empresas e como hoje elas são parte da visão estratégica de negócio.

Se antes estas práticas eram restritas somente ao RH e áreas de planejamento das companhias, agora as empresas têm apostado não só em ações com foco em sustentabilidade, mas também no lançamento de produtos e serviços voltados para esta área.

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Um setor que tem se destacado neste sentido são as marcas de beleza, que tem não só apostado em produtos sustentáveis, mas também em ações, como por exemplo a Natura e o Grupo Boticário.

Além de desenvolver produtos sustentáveis, a Natura tem como meta contribuir com o enfrentamento à crise climática, tornando-se carbono zero até 2030. Além disso, a marca estabelece como uma de suas principais metas conservar e regenerar a Amazônia.

Em termos práticos, o objetivo da empresa é tornar 100% de todas as suas embalagens reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis até 2030. Hoje, 82,3% do material é reciclado. Além disso, a empresa ainda aposta em várias ações pró-Amazônia, como o relacionamento e compartilhamento de recursos com 10.636 famílias da região.

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Já o Boticário, por exemplo, aposta não só em produtos sustentáveis que reduzam a quantidade de plástico e resíduos usados, mas também a criação de 37 “lojas sustentáveis”, que têm como diferencial o reaproveitamento de 1 tonelada de plástico reciclável, serem 50% mais leves e contarem com baixo consumo de água no processo fabril.

A tendência de as empresas apostarem na sustentabilidade surge, inclusive, em empresas de commodities. Em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) e a empresa Krilltech Nanotecnologia Agro, a Shell realizou um projeto que visa recuperar áreas degradadas da Amazônia através de nanobiotecnologia.

O projeto usa a nanomolécula arbolina para acelerar o crescimento de castanheiros. Foto: Shell / Divulgação

O projeto usa a nanomolécula arbolina para acelerar o crescimento de castanheiros, além de avaliar diferentes sistemas de cultivo envolvendo a árvore nativa e documentar a dinâmica da restauração florestal através de sensores.

Setores essenciais também apostam em ESG

Empresas de setores essenciais, como o saneamento, também têm apostado em iniciativas com foco no meio ambiente. A Iguá Saneamento, por exemplo, realiza ações para reutilizar os resíduos das estações de tratamento de água e esgoto. Dentre as ações estão a transformação do lodo em adubo orgânico, tijolo ecológico, argila para a produção de cerâmica e até o uso da manta biodegradável para a forragem do solo.

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Segundo a empresa, as ações têm contribuído não só para diminuir o impacto ambiental, mas também aumentar a produtividade dos negócios locais. Em Cuiabá, a utilização desse fertilizante já aumentou em até 150% a produção leiteira na região, segundo dados da empresa.

Outra empresa que atua em serviços essenciais, a Vivo, também tem apostado em iniciativas ambientais. Além de ter metas relacionadas às mudanças climáticas com a redução de emissões, a empresa opta pelo uso de energia renovável em todas as suas operações.

ESG nas empresas é moda?

Para o sócio da PwC Brasil, Mauricio Colombari, todos estes projetos demonstram o quanto a pauta ESG avançou nas grandes empresas. Embora isso seja positivo para que a agenda de sustentabilidade seja ampliada, é preciso entender até que ponto as ações são, de fato, efetivas e a longo prazo.

“Sempre é preciso questionar o quanto esse avanço em termos de compromisso e colocar o ESG em pauta tem se traduzido em ações que resolvam os problemas de mudanças climáticas e de melhor tratamento de resíduos”, afirma, destacando que embora muitas empresas tenham comprovado as suas ações, outras ainda ficam no campo da promessa.

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O especialista em ESG destaca que muitas empresas se comprometem a ser net zero ou carbono neutro, por exemplo, mas não especificam publicamente quais ações serão feitas para alcançar essa meta. “Que bom que a empresa se comprometeu, mas se não for feito nada a gente não chega lá.”

“A dificuldade é que essas iniciativas tenham um impacto relevante comparado ao que você polui. Se eu emitir um milhão de toneladas de gás de efeito estufa e compensar 10 mil, o que representa no todo? Qual o impacto mitigatório dessa iniciativa? Se for relevante, que bacana. Se for um projeto piloto e pequeno, é legal, mas realmente não está resolvendo o problema”, afirma Colombari.