O conselho de administração do Bradesco propôs, em reunião realizada nesta segunda-feira, 5, a elevação do limite de idade para o exercício do cargo de diretor presidente de menos de 65 para menos de 67 anos. Com isso, Luiz Carlos Trabuco Cappi, que completa em outubro próximo 65 anos, terá mais dois anos para ficar no comando do banco.
O substituto de Trabuco seria eleito na próxima Assembleia Geral Ordinária de acionistas, que ocorre tradicionalmente em março de cada ano. Com a ampliação da idade limite, o Bradesco adota decisão já tomada pelo seu concorrente, o Itaú, que também postergou a idade limite para a saída de Roberto Setubal da presidência.
“A decisão possibilitará ao Bradesco o aproveitamento da experiência profissional e vivência administrativa adquirida na função de diretor-presidente, especialmente neste momento de integração das operações do HSBC, em que se vislumbram importantes ganhos de sinergia”, destaca o Bradesco, em comunicado assinado por Luiz Carlos Angelotti, diretor-gerente e de relações com investidores da instituição.
Segundo o banco, a elevação da idade limite altera parágrafo único do artigo 18 do seu estatuto social. O tema será submetidos à deliberação dos acionistas em assembleia marcada para 7 de outubro.
A especulação em torno do substituto de Trabuco aumentou após os desdobramentos da Operação Zelotes, que apura suposto esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou, em julho, denúncia do Ministério Público Federal contra Trabuco e outros executivos da instituição. O Bradesco negou, na época, envolvimento no esquema que compraria decisões no Carf, espécie de tribunal que avalia débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal.
Antes disso, no entanto, o acidente que vitimou Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros e vice-presidente do Bradesco, cotado para substituir Trabuco, já havia levantado dúvidas quanto ao futuro presidente do banco.
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