Brasil pensa que não precisa de rapidez na transição energética, diz CEO da Schneider Electric

Rafael Segrera, que lidera a multinacional francesa na América Latina, afirma que o desenvolvimento na pauta e a abundância de recursos naturais levam o Brasil a não avançar tanto quanto poderia

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Foto do author Beatriz  Capirazi
Atualização:

A possibilidade de o Brasil se tornar líder da transição energética até a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em 2025, é um consenso entre os especialistas de ESG. Para o presidente da Schneider Electric na América do Sul, Rafael Segrera, no entanto, essa convicção colocou o País em um lugar de “conforto”, acreditando que, por estar avançado na pauta e ter muitos recursos naturais, não precisa dar celeridade ao processo.

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Para ele, o Brasil, de fato, possui uma ampla vantagem ante os seus pares internacionais, considerando que 40% da biodiversidade mundial está na América do Sul e a sua maioria em território nacional. No entanto, ele destaca que, se não houver uma mobilização prática, de nada adiantará essa vantagem.

“A eficiência energética é essencial para o desenvolvimento do setor, da economia e do Brasil. Ela só vai ser impulsionada com a tecnologia. Estamos avançando (nos últimos anos) para a transição energética, mas justamente por isso pensamos que não precisamos ir tão rápido. O cenário é justamente o contrário”, afirmou ao Estadão.

Rafael Segrera, presidente para a América do Sul da Schneider Electric.  Foto: Schneider Electric/Divulgação

Segrera explica que esse ritmo precisa ser acelerado até para que problemas de curto prazo sejam sanados. “Quando temos uma fonte de energia fóssil, a vulnerabilidade pode afetar negativamente o negócio. Quando se tem uma energia renovável, solar ou eólica, você está dando previsibilidade para o negócio”, disse.

Ele ainda defende que ao aderir à sustentabilidade as empresas estão, inclusive, tendo a chance de lucrar mais, considerando que o preço da “matéria-prima” utilizada na produção de energia limpa, o vento, por exemplo, não muda, enquanto a energia fóssil pode sofrer com oscilações de vários tipos.

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Para ele, esse cenário possibilita um planejamento maior para os negócios e a redução de custos, além da possibilidade de escalar o sistema sustentável, o que fará com que o benefício seja ainda maior.

Aposta em eletricidade

Segrera ainda destaca que um dos principais pontos para o avanço da sustentabilidade no setor elétrico é o aumento da produção de eletricidade. Ele destaca que, hoje, ela é usada para apenas 20% do consumo de energia do Brasil, mas que o número deve aumentar consideravelmente nos próximos trinta anos.

O presidente da Schneider destaca que, antes que esse cenário se concretize, é preciso que mudanças estruturais consideráveis sejam feitas para aumentar a escala de produção de energia limpa. Para ele, o primeiro passo rumo a uma economia mais sustentável e com foco na transição energética é a modificação do maquinário.

“Hoje as máquinas e processos funcionam com energia fóssil. O primeiro passo para transformar esse cenário é mudar as máquinas. Acredito que a indústria esteja, sim, avançando nesse sentido, não só porque é bacana, mas porque o custo é mais efetivo, a eficiência é mais competitiva.”

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