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COP-30 será oportunidade de atrair investimento de risco, diz mentor de fundo para a Amazônia

Cofundador da consultoria Impact Earth e mentor do Fundo de Biodiversidade para a Amazônia (ABF), Vincent Gradt avalia que evento tem potencial de favorecer parcerias entre empresas e investidores estrangeiros interessados em dar visibilidade a seus compromissos socioambientais

Foto do author Shagaly Ferreira

Prevista para ocorrer no Brasil em novembro de 2025, a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30) será oportuna para empresas que querem atrair a atenção de fundos internacionais com apetite ao risco. O diagnóstico é do cofundador da consultoria internacional de investimentos de impacto Impact Earth, Vincent Gradt.

Na avaliação do consultor europeu, depois de duas COPs com o foco em práticas extrativistas e identificação de crises, uma abordagem focada em soluções socioambientais, esperada para o próximo evento, pode ser o diferencial para essa atração.

Vincent Gradt é cofundador da consultoria internacional Impact Earth Foto: Impact Earth/Divulgação

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“A COP-30 pode mostrar ao mundo as empresas brasileiras que estão propondo novos modelos sustentáveis e regenerativos (na Amazônia). Não existe (um formato de investimento) melhor do que um ecossistema de venture capital para dar suporte ao desenvolvimento de uma nova economia que valoriza a natureza”, diz. “Os investidores poderão perceber a liderança natural da região para promover novos modelos econômicos, que serão vistos como oportunidades de investimento.”

Como muitas empresas e investidores institucionais deverão anunciar grandes compromissos sustentáveis no período, o evento é considerado por Gradt uma “oportunidade única” para conectar promessas a projetos reais. “As COPs concentram Estados e governos, mas também atraem um amplo ecossistema de negócios e investidores em busca de visibilidade”, afirma. “De certa forma, eles competem para estabelecer grandes compromissos.”

Fundo internacional

Com escritórios no Reino Unido e no Brasil, a empresa gerida por Gradt é advisor (consultora) do Fundo de Biodiversidade para a Amazônia (ABF, na sigla em inglês), que recentemente chegou ao montante de R$ 85 milhões investidos em projetos de impacto socioambiental de sete empresas, com foco na Amazônia Legal brasileira.

Segundo dados do Impact Earth, na lista de investidores do fundo estão Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Soros Economic Development Fund (SEDF), United States Agency for International Development (USAID), Aliança Bioversity International & CIAT, L’Oréal Fund for Nature Regeneration (LFNR) e ASN Impact Investors.

De acordo com Gradt, o foco dos investimentos está em projetos com capacidade de expansão, que promovem a biodiversidade com restauração de ecossistemas degradados, sequestro de carbono e atuação social nas comunidades amazônicas. Até 2025, a meta é investir uma quantia total próxima a R$ 200 milhões nos negócios.

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“O ABF foi projetado para fornecer financiamento de risco para empresas, para criar este novo ecossistema e ambiente propício para o desenvolvimento das organizações que têm potencial de gerar impacto positivo e em escala. É pouco provável que cada empresa sozinha gere uma transformação sistêmica, mas a combinação de todas as soluções pode ter um impacto forte e duradouro”, avalia.

Expectativa de investidores estrangeiros

De um modo geral, para atrair o interesse dos investidores estrangeiros, segundo Gradt, as empresas brasileiras precisam potencializar as chamadas Soluções Baseadas na Natureza (SNB), estratégias de desenvolvimento sustentável, as quais o País tem amplo potencial de oferta.

“O Brasil abriga um dos melhores capitais naturais e hábitats do planeta, e a maioria dos investidores estrangeiros entende claramente o potencial do País em termos de ecossistema natural”, afirma.

Entretanto, pondera o gestor, é necessário atentar-se para critérios valorizados por esses investidores, como ter uma governança forte, com transparência, fluxo de informações e relatórios suficientes para deixá-los mais confortáveis; ter um plano claro de identificação e gestão de externalidades negativas; e garantir que haverá integração de stakeholders (partes interessadas) e comunidades locais para o impacto social.

“(Com esses critérios atendidos), essas iniciativas poderão ser vistas como sustentáveis e duradouras pelos investidores”, orienta o consultor.

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