Energytechs ajudam empresas a controlar gasto de energia; tecnologia foi usada no BBB

Startups contam com aparelhos que avaliam dados de possíveis desperdícios para otimizar consumo

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Foto do author Luis Filipe Santos

A conta de luz é um dos gastos obrigatórios que preocupam as empresas, ainda mais se elas contam com inúmeros pontos de venda e unidades. Assim, otimizar o consumo de energia elétrica pode levar à economia de recursos em grande escala, além de ajudar a cumprir as metas ESG (ambientais, sociais e de governança). De olho nesse mercado, startups criaram sensores e plataformas de monitoramento para reconhecer problemas no consumo e ajudar a economizar.

Os aparelhos criados normalmente são pequenos, funcionam com bateria própria e são instalados sobre máquinas que consomem muita energia, como o ar condicionado. A partir daí, medem o gasto de energia e conseguem detectar se há desperdício ou algum ponto na utilização que pode ser melhorado. Por meio de wi-fi e internet das coisas, os dados sobem para uma plataforma online, à qual os clientes têm acesso.

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Com as plataformas, as empresas podem checar como está o consumo de energia, dividido por filial, setor, escritório ou loja, além de receber alertas e dicas quando é necessário realizar alguma correção. Se a medição pode ser feita apenas em uma unidade ou prédio, para quem tem diversas lojas o ganho se torna maior devido à escala.

“A partir do monitoramento, conseguimos verificar temperatura, umidade e consumo de energia. Realizamos uma análise e uma virtualização do espaço, sabendo como funciona, com o número do andar, por exemplo”, explica Isvaldo Souza, CTO (chief technical officer, responsável pela área técnica) da Squair, que atende clientes como Wework, Globo, Stone e BMG.

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Com os dados coletados, é possível avaliar se o padrão de consumo está de acordo com o mercado, mas é preciso conhecer detalhes da operação - por exemplo, se for um edifício de escritórios em que as janelas não abrem e há um ar condicionado central.

Equipamentos da startup Squair Foto: Rodrigo Garcia / Squair

De acordo com Bruno Arcuri, CEO da Diel Energia, o próprio aparelho faz toda a análise e traz quinzenalmente o relatório que a plataforma identificou de problemas. “O cliente pode configurar a plataforma, quais dados quer receber e quais soluções adotar. No início, ele não está treinado, engajado, não sabe usar, então ensinamos”, comenta Arcuri. A Diel foca em aparelhos de ar condicionado e tem clientes como Lojas Mel, Pague Menos e Cencosud. A produção dos equipamentos é feita por conta própria.

No último ano, a startup ajudou as principais companhias do país a economizarem R$4,6 milhões com a conta de energia elétrica e 5.717 MWh em energia, além de reduzir a emissão de 825 toneladas de CO2 na atmosfera.

“Normalmente, as empresas e filiais só querem um report claro sobre o que fazer para melhorar. O segredo do sucesso é a atenção e manutenção dos aparelhos e da plataforma. Se não souber usar, é como uma ferrari sem piloto”, avalia Arcuri. No momento, a Diel foca em farmácias, e entende que ainda não é o momento de trabalhar com o setor industrial, embora seu sistema também seja apto a funcionar em câmaras frias e geladeiras, por exemplo.

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Já na Squair, a possibilidade de trabalhar com a indústria existe, mas exige algumas adaptações. “A indústria tem alguns padrões, equipamentos que tem linguagem própria. Precisamos entender como funciona essa linguagem para integrar o sistema e indicar melhorias”, diz Souza.

A previsão é de que sensores da startup durem até cinco anos sem trocar a bateria. A expectativa é que, quando os que já foram instalados precisem ser trocados, já haja uma tecnologia nova. Em relação à produção, todos são projetados pela Squair, mas a fabricação por vezes é própria e por vezes na China.

Ambas as companhias têm equipes próprias para instalação, mas também treinam e credenciam companheiros para realizar a manutenção nas áreas longe de suas sedes. A intenção é que qualquer reparo possa ser feito com agilidade, com as equipes acionadas por telefone ou aplicativos de mensagem mesmo.

BBB

A Squair tem uma parceria com a Globo, e neste ano foi chamada para realizar o acompanhamento energético da Casa do Big Brother Brasil. O reality show tem um gasto energético considerado alto, por funcionar como estúdio, mas também exigir a presença de ar condicionado em diversos ambientes separados entre si e ter circuitos de provas. Outra ação já tinha sido feita durante a transmissão do Rock in Rio pelo Multishow, outro canal do grupo Globo

“O projeto foi feito em tempo recorde, porque o planejamento normalmente é meio longo”, conta Isvaldo sobre a transmissão do festival, que contou com 40 pontos de monitoramento instalados em 30 dias. Na “casa mais vigiada do Brasil”, são 35 pontos de monitoramento com internet das coisas. A Squair estima que consegue reduzir clientes de diversos segmentos em até 25% do consumo de energia.

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