Evitar desmatamento pode reduzir 857,94 milhões de toneladas de CO₂ por ano no Brasil

Levantamento aponta que Soluções Baseadas na Natureza podem ser alternativa para empresas reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa

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Foto do author Beatriz  Capirazi

Evitar o desmatamento, responsável pela maior parte das emissões de dióxido de carbono no País, pode reduzir o lançamento na atmosfera de 857,94 milhões de toneladas do gás poluente por ano, segundo estudo da empresa global WayCarbon sobre o potencial de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) no Brasil.

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O levantamento, obtido com exclusividade pelo Estadão, aponta que esta é a ação com maior potencial de redução de emissões de carbono, considerando a quantidade de emissões que o desmatamento gera atualmente.

Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o dióxido de carbono (CO₂), proveniente da queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo, gás natural, turfa), queimadas e desmatamentos, é responsável por cerca de 60% dos gases do efeito-estufa.

Para a entidade, os dados demonstram a urgência de combate ao desmatamento, especialmente em regiões da Amazônia e do Cerrado, mas também demonstram como as soluções baseadas na natureza podem ser aliadas das empresas nas suas jornadas de descarbonização e auxiliá-las quanto ao atingimento de suas metas de redução de gases de efeito estufa (GEE).

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Cerca de 5 mil empresas em todo o mundo têm compromissos assumidos em se descarbonizar. Segundo a WayCarbon, cerca de um terço dessas metas pode ser alcançada através de projetos de soluções de descarbonização baseadas na natureza, seja com a redução das emissões ou impulsionando a remoção desses gases da atmosfera.

Já a adoção da agricultura regenerativa pode gerar receitas adicionais por meio de créditos de carbono, aumentando ainda a resiliência de sistemas agrícolas.

Levantamento aponta que Soluções Baseadas na Natureza podem ser alternativa para empresas reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa Foto: Olivia Zhang/AP - 28/11/2019

As medidas de mitigação das emissões de gases de efeito estufa podem contribuir com uma estimativa de redução de 131,6 até 270,6 milhões de toneladas de CO₂/ano.

Outros projetos de impacto

O levantamento aponta que, além da diminuição do desmatamento, a restauração de ecossistemas ambientais, as práticas de agricultura regenerativa e o chamado blue carbon (carbono azul, em livre tradução) são os quatro pilares principais com maior potencial de impacto.

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O blue carbon (carbono azul, em livre tradução), que se refere ao carbono capturado da atmosfera e oceanos e armazenado nas plantas e no solo de ecossistemas marinhos e costeiros, também é uma opção de soluções baseadas na natureza que pode impulsionar os projetos de descarbonização das empresas, além de ajudar a proteger e restaurar ecossistemas costeiros

Este tipo de projeto, segundo o levantamento, pode fornecer uma abordagem econômica para mitigar emissões de gases de efeito estufa e construir resiliência frente aos impactos da mudança climática. O maior potencial está em ações de conservação do mangue.

Segundo a empresa, somente a restauração, que visa restabelecer a estabilidade e o equilíbrio de processos ambientais interrompidos em decorrência da ação humana, pode resultar em até 287,56 milhões de toneladas de CO₂ por ano, gerando créditos de carbono de remoção.

Os custos de restauração variaram significativamente em diferentes biomas brasileiros, com uma ampla faixa de valores que vai de U$10,1 a U$108,3 por tonelada de CO₂ removido. A expectativa é que a busca pela restauração entre as SBN no Brasil deverá crescer exponencialmente até 2050, assim como os custos da mitigação do carbono por meio dessa atividade.

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Mudança na indústria de carbono

Para o diretor de operações da WayCarbon, Henrique Pereira, os dados demonstram o potencial que as soluções baseadas em natureza podem ter em mobilizar o mercado de carbono mundial. No entanto, ele destaca que, para que elas tenham impacto de fato é preciso que não sejam feitas pontualmente pelas companhias.

Ele destaca que as metas de carbono de muitas empresas ainda são guiadas majoritariamente pelo uso de créditos de carbono — que são uma forma de compensar os gases emitidos pelas empresas. Para ele, uma mudança de fato virá com a mudança de mentalidade, com o foco em reduzir as emissões de carbono e depender menos de projetos de geração de crédito.

“Com nosso relatório em mãos, o mercado terá acesso a esse tipo de ideia e poderá avaliar como investir em soluções com papéis sinérgicos dentro de uma estratégia de descarbonização mais ampla”, afirma Pereira.

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