O Brasil produziu 22 milhões de maquininhas de pagamento em 2022, um crescimento de 494% em dez anos, segundo dados do Banco Central. Considerando os 95 milhões de aparelhos distribuídos na última década no País, são mais de 28 mil toneladas de lixo eletrônico.
Embora em ascensão, esse mercado parece não ter trabalhado o tema da sustentabilidade nos últimos anos como ocorreu com o dos smartphones, que criou medidas para reduzir o impacto de sua produção no meio ambiente.
A maquininha ganhou ampla adesão, mas pouco é falado sobre o descarte responsável das peças dos aparelhos, que possuem componentes químicos, como bateria e placas, classificados como lixo eletrônico, além do plástico.
Para a agência O Mundo Que Queremos, a tendência para o mercado é que as maquininhas e os cartões físicos sejam eliminados gradativamente nos próximos anos como parte da ascensão da tecnologia.
A plataforma de serviços financeiros InfinitePay, por exemplo, lançou a solução Tap to Pay no iPhone após ser convidada pela Apple em setembro para implementar a tecnologia em smartphones, tornando o celular uma maquininha para os empreendedores, evitando a nova emissão de aparelhos.
Para usar, basta baixar o aplicativo InfinitePay, disponível gratuitamente, e começar a receber pagamentos por aproximação. Atualmente, a marca é a única a oferecer a tecnologia em aparelhos Android e iOS no Brasil.
Para o diretor de projetos da agência O Mundo Que Queremos, Alexandre Mansur, essa é uma tendência que deve ser vista em todas as marcas. “É uma solução mais barata e prática para os lojistas, que não precisam carregar a maquininha para todos os lugares”, afirma, destacando que tecnologias similares ainda democratizam o acesso, beneficiando os micro e pequenos empreendedores.
O executivo afirma que, após o Pix, esse é o passo natural na agenda de sustentabilidade das empresas financeiras, considerando que o uso do celular como maquininhas podem evitar a produção de milhares de toneladas de lixo eletrônico e plástico nos próximos anos.
Luis Silva, fundador e CEO da CloudWalk, dona da plataforma InfinitePay, afirma que o fim das maquininhas não é algo distante e já era prospectado pela marca. “Em 2019, eu já dizia que a maquininha era uma tecnologia que estava em transição e iria sumir. Veríamos algo similar ao que ocorreu com as câmeras digitais mais simples ou GPS: ambos substituídos pelos smartphones. Costumo dizer que estamos entrando na era do ‘dinheiro por streaming’. O InfiniteTap é a concretização dessa visão.”
Outra marca que decidiu apostar na sustentabilidade é a Stone, uma das primeiras a aceitar pagamentos de cartão através do celular. Através da TapTon, o celular dos clientes da marca viram uma máquina de aceitação de pagamento com cartão de débito ou crédito.
Segundo a empresa, o TapTon, que já conta mais de 500 mil downloads no País, não possui taxa de adesão, mensalidade e nem limite de valor por transação, tendo como foco microempreendedores e autônomos.
Atualmente, a tecnologia está disponível para os celulares Android. Segundo a Stone, a marca trabalha “para disponibilizar a tecnologia também para o iOS em breve”.
Questionada se essa diminuição do uso de plástico a longo prazo é uma meta para a marca, a Stone afirmou que o TapTon pode ou não ser complementar à maquininha. Ela afirma ainda que conta com um programa de logística reversa das máquinas inativadas, com 100% delas e das baterias inutilizáveis descartadas por uma empresa terceirizada.
A marca ainda afirmou que a principal fonte de emissões da marca vem da distribuição das maquininhas, cenário que já conta com ações para mitigação, como a adoção de um modelo econômico de combustível, o incentivo do uso de fontes renováveis e o planejamento de rotas mais eficientes.
Outra marca que tem se dedicado à sustentabilidade é o Mercado Pago, braço financeiro do marketplace Mercado Livre, com uma tecnologia similar de permitir que celulares se transformem em maquininhas também nos celulares Android.
Segundo a marca, o diferencial do Point Tap é permitir que o dinheiro fique disponível na hora para os vendedores, permitindo transações de até R$ 50 mil. Na hora de fazer a cobrança, é só abrir o app do banco digital Mercado Pago, escolher a forma de pagamento e aproximar o cartão do cliente do verso do celular.
Daniel Davanço, gerente de pagamentos para empresas do Mercado Pago, destaca que esta é uma das soluções que vêm sendo feitas pela marca para impulsionar a sustentabilidade na empresa. Para ele, a ação também tem como papel facilitar o acesso de microempreendedores às maquininhas.
“A solução democratiza o acesso ao serviço de recebimento de cartão e potencializa os benefícios de aumento de vendas e gestão de caixa dos vendedores com a possibilidade de receber o dinheiro na hora”, afirma Davanço.
Questionada se a redução de plástico era uma das metas da marca a longo prazo, o Mercado Pago afirmou que tem a sustentabilidade e a gestão de materiais como um dos pilares da sua agenda ambiental.
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