Mercado de capitais é ambiente favorável para impulsionar produtos ESG, aponta diretor da CVM

Para Daniel Maeda, o mercado de capitais é uma ‘máquina de produzir produtos escaláveis’, familiares e já regulados, dando segurança a quem busca investir em sustentabilidade

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Foto do author Shagaly Ferreira

Os investidores com apetite em produtos relacionados com a agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) podem encontrar no mercado de capitais um ambiente facilitado e mais seguro no qual focar. Para o diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Daniel Maeda, esse segmento de negócios possui, por natureza, ativos respaldados por uma estrutura de regulação e com alta capacidade de escalar, ajudando a direcionar boas estratégias tanto do empreendedor que oferta, quanto do investidor que demanda.

Durante um dos painéis da 25ª edição do Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), nesta quarta-feira, 9, em São Paulo, o gestor elencou três pontos que, na sua avaliação, indicam o quanto o mercado de capitais pode favorecer o crescimento dessas iniciativas. Segundo Maeda, esses pontos são: a familiaridade ao lidar com produtos já conhecidos e regulados; a possibilidade de ajudar na mensuração da sustentabilidade nas empresas e a capacidade de rápida escala dos produtos negociados.

Daniel Maeda, diretor da CVM, participou de congresso do IBGC Foto: Hara Fotografia/IBGC

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Sobre a questão da familiaridade, o executivo explica que o mercado de capitais é um ambiente com produtos já conhecidos e gerenciados por regulamentações que atendem às boas práticas de governança. Desse modo, o investidor consegue lidar mais facilmente com ativos semelhantes aos que já conhece.

“Fica muito mais fácil para investidores profissionais, em vez de procurar projetos sustentáveis (de forma aleatória), buscar produtos do mercado de capitais que ele conhece e que têm regulamentação, prestadores de serviço sujeitos a deveres fiduciários e profissionais com regime informacional e transparência já preestabelecidos”, diz. “O mercado de capitais pode servir como uma plataforma de acesso para esses investidores que buscam uma estratégia ESG, uma vez que tem produtos muito mais digestivos e mais fáceis de entender.”

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Outro ponto citado pelo gestor se trata da facilidade de mensuração da sustentabilidade. “A questão de padronização é muito crítica para o mundo ESG, no sentido de entender como mensurar, como comparar, como saber se a empresa A é mais ESG do que a B. O mercado de capitais também pode ajudar muito nisso pois é um mercado que, por essência, padroniza as coisas, e isso facilita para o investidor nessa perspectiva.”

Na questão da capacidade de crescimento de ativos alinhados à sustentabilidade, Maeda afirma que o mercado de capitais já é um segmento que pode ser lido como uma máquina de produzir produtos muito escaláveis. Isso pode ajudar a acelerar as ações necessárias da agenda em uma “corrida contra o tempo” para a oferta de soluções mais sustentáveis ao mercado.

“Estamos caminhando em uma velocidade aquém do que nós mesmos estabelecemos como ambição anos atrás e abrindo um gap (lacuna) bem relevante. Não só estamos ficando para trás, como o planeta já está começando a acusar isso. A gente precisa correr contra o tempo, e, nesse aspecto, o mercado de capitais pode ajudar muito escalando soluções.”

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