Investidores minoritários da Petrobras dizem que, mais uma vez, o governo descumpriu formalidades que cabem às empresas de capital aberto na troca de comando da petroleira, anunciada na noite de terça-feira, 14. “Acompanhamos os assuntos estatais não é de hoje e o que vemos é a deterioração clara da governança corporativa e sinais generalizados de falta de independência do conselho de administração”, afirmou Fabio Coelho, presidente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec).
Para ele, o acionista controlador - no caso, o governo - pode querer trocar o comando da companhia da qual detém a maior parte do capital. No entanto, há uma série de procedimentos para fazê-lo, em respeito a regras e aos demais investidores que colocaram seus recursos na empresa.
Uma delas é que a instituição correta para destituir e convocar um novo comando para as operações da companhia é o conselho de administração. “Fica a sensação de que o conselho não foi ouvido”, diz ele.
Para Coelho, também deveria ter sido explicado com clareza, a todos os investidores e pelos meios oficiais, os motivos para a saída e a entrada dos presidentes executivos da companhia. “Sem isso, a percepção de risco é muito elevada, os planos de investimentos podem ser comprometidos e parece haver mais uma rodada de interferência inadequada em assuntos iminentes”, afirma.
Além disso, o processo aconteceu ao contrário das empresas privadas, nas quais o processo de sucessão é sempre comunicado ao público com antecedência, sendo anunciado e acompanhado pelo conselho, geralmente com empresas de busca de executivos contratadas. “De maneira consistente, as interrupções dos planos e projetos são feitos sem comunicação e planejamento”, diz Coelho. “Não é a dinâmica a que os investidores das empresas de capital aberto, principalmente estrangeiros, estão acostumados.”
Para ele, “o reflexo está no preço das ações”. Na manhã de hoje, a Petrobrás havia perdido mais de R$ 35 bilhões em valor de mercado. Às 14h45, os papéis da empresa caíam 6,73%.
A Amec reúne cerca de 60 investidores institucionais, locais e estrangeiros, que têm mandatos de investimento no mercado brasileiro de ações de aproximadamente R$ 900 bilhões.
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