Primeiro ‘pedágio ambiental’ com foco em impulsionar mercado de carbono é lançado no Brasil

Tecnologia lançada pela Abundance Brasil e Ailog Tecnologia calcula automaticamente a quantidade de carbono emitido pelos caminhões e sugere a compensação através de créditos de carbono

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Beatriz  Capirazi
Atualização:

O primeiro sistema de “pedágio ambiental” do Brasil foi lançado pela startup Abundance Brasil, visando ajudar as empresas de logística a compensar suas emissões de carbono em viagens rodoviárias.

PUBLICIDADE

Em parceria com a Ailog Tecnologia, a empresa criou um sistema que calcula a quilometragem, o consumo e a quantidade de carbono emitida pelas companhias nas rotas de entregas dos seus clientes e automaticamente sugere a quantidade de carbono a ser compensado pelos caminhões através da compra de créditos de carbono.

A ideia do projeto é ajudar o mercado de logística e o setor de transportes, considerado um dos mais poluentes, a encontrar uma forma simples de descarbonizar as suas rotas de transporte através da tecnologia dos tokens (dispositivo eletrônico que funciona como uma chave eletrônica) e da blockchain (cadeia de dados que permite o compartilhamento de bens e informações em uma base segura e imutável).

Tecnologia lançada pela Abundance Brasil calcula automaticamente a quantidade de carbono emitido pelos caminhões e sugere a compensação através da compra de créditos de carbono Foto: Alexandre Carvalho/A2img/Via Governo de SP

“Nós avaliamos a quilometragem rodada e o quanto o caminhão emite de carbono. De São Paulo a Belo Horizonte, por exemplo, você gastou tanto de combustível, tanto de pedágio e tanto de carbono e você tem a possibilidade de já compensar as emissões diretamente”, explica o CEO da Abundance Brasil, Pedro Miranda.

Publicidade

Ele destaca que o diferencial da ação é que não são usados apenas o crédito de carbono florestal, que é o mais usado no mercado pelo custo, mas sim o modelo ARR (florestamento, reflorestamento e revegetação), que trabalha com o plantio de novas árvores — promovendo não só a proteção do meio ambiente, mas também o seu desenvolvimento.

Para que o pedágio ambiental funcione, há o plantio de árvores. À medida que essas árvores crescem e absorvem CO₂, sua capacidade de sequestro de carbono se transforma em ativos ambientais que são digitalizados, transformando o CO₂ em uma commodity comercializável.

“Você está removendo carbono da terra porque você está plantando a árvore e cuidando dela. É uma recuperação ambiental”, diz Miranda, destacando que o projeto se trata de um investimento, já que o token que representa a árvore é também um ativo financeiro.

Atualmente, o chamado Abundance Token, que nada mais é do que uma cota florestal que representa o número de árvores plantados que a empresa está compensando de carbono ao adquiri-lo. No futuro, com a introdução da blockchain, a ideia é que o produto seja usado como um ativo financeiro e contabilizado balanço das empresas.

Publicidade

Carbono como ‘ativo financeiro’

Um dos diferenciais da ação, segundo Miranda, é que o pedágio ambiental não só facilita a compensação do carbono emitido pelas empresas, mas é também um ativo financeiro. “É como se fosse uma ação florestal e o carbono é como se fosse um dividendo”, explica ele.

CEO da Abundance Brasil, Pedro Miranda, segurando o Abundance Token, que representa o ativo ambiental vendido pela empresa para ajudar a compensar o carbono emitido pelas companhias.  Foto: Divulgação/ Abundance

Na prática, depois de plantada pela empresa, a árvore se transforma em um criptoativo (ativos virtuais protegidos por criptografia, processo que codifica mensagens e dados), podendo ser negociada com liquidez no aplicativo da Abundance. Segundo a empresa, as operações já foram iniciadas, mas o mercado de negociações ainda não está em operação.

No futuro, o plano da empresa é que as empresas que compensam possam não só fazer a compensação, mas também negociar os seus créditos depois de comprados.

Além de uma possível valorização dos créditos, considerando que esta é uma prática cada vez mais buscada pelas empresas, Miranda destaca que existem também outros benefícios agregados, como a valorização da marca e o acesso a financiamentos verdes, já que cada vez mais instituições bancárias exigem comprovação de práticas sustentáveis para conceder o empréstimo ou oferecer condições mais vantajosas para às companhias.

Publicidade

Vale destacar que o uso de crédito de carbono para a compensação tem se tornado cada vez mais frequente entre as empresas. Na prática, as companhias mantêm a sua emissão e ajudam a reduzi-la em outro lugar, servindo para que indústrias poluentes alcancem suas metas climáticas sem precisar mudar o seu negócio central.

Para as empresas, os créditos nada mais são do que certificados emitidos para uma empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa e podem ser negociados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.