Consumidores preferem empresas com propósito claro sobre meio ambiente e diversidade, diz pesquisa

Segundo levantamento da InPress Porter Novelli, clientes cobram posicionamentos e compromissos, mas política pode gerar conflitos e exige cuidado

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Foto do author Luis Filipe Santos

Os consumidores estão cada vez mais atentos aos propósitos das empresas, e pedem posicionamentos e compromissos em temas ambientais e de diversidade, como preconizado pela sigla ESG (temas ambientais, sociais e de governança). Contudo, a política ainda é um tema espinhoso e deve ser tratada com cuidado.

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As conclusões são de uma pesquisa realizada pela empresa de comunicação corporativa InPress Porter Novelli, que ainda considerou os benefícios da empresa em ter um propósito e torná-lo conhecido do público. Recentemente, a InPress Porter Novelli anunciou uma ‘collab’ com a Cause, consultoria especializada em ESG, para auxiliar empresas nesse sentido.

De acordo com o levantamento, 84% das pessoas acreditam que as empresas devem comunicar seus propósitos e o que fazem para alcançá-los. Dentre os entrevistados, 78% afirmam que a empresa deve ter uma visão clara sobre sustentabilidade, e 32% afirmam que podem começar a comprar ou aumentar os gastos em marcas que operam para ter mais diversidade. As marcas devem comunicar o propósito, mas, ao mesmo tempo, ter cuidado para evitar prometer além do que podem cumprir.

“É importante que as empresas assumam e continuem assumindo compromissos públicos, para atingir algumas metas como a demanda por diversidade em cargos de liderança, por exemplo”, afirma Roberta Machado, CEO da InPress Porter Novelli. “As marcas trazem promessas e a reputação traz a percepção real do público sobre esses compromissos”, reforça.

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Assim, a companhia precisa estar pronta para atender as demandas do mercado, dos consumidores e do que ela mesma prometeu, e provar que está caminhando na direção correta. “Hoje o grande ponto é a expectativa das pessoas em relação ao papel das empresas, e como as empresas dão transparência a esses compromissos. Há modelos de relato, de comunicação com a sociedade, com investidores principalmente, que narram a jornada da companhia rumo aos padrões mais altos”, comenta Rodolfo Guttilla, sócio-fundador da Cause.

Levantamento aponta que consumidores aceitam gastar mais no caso de empresas com propósito Foto: Tiago Queiroz

A demanda das pessoas por ação, no entanto, não pode se tornar um “purpose washing”, ou seja, que a ideia do propósito seja vendida, mas nada seja feito para de fato alcançá-lo. “Seria a banalização do conceito de propósito, da razão de ser da empresa. Caso não se tome atenção, o risco de virar só um quadro na parede com frases bonitas é grande”, alerta Gutilla. “Estamos vivendo uma fase de ‘me mostra, me diga o que a empresa está fazendo, como está cumprindo as metas?’”, considera Machado. A receita para vencer o ceticismo do público é simples: agir.

Para evitar esses problemas, é fundamental que a liderança esteja alinhada ao propósito e leve isso aos colaboradores, por meio de uma comunicação eficiente. O engajamento é importante para evitar que seja uma “pílula amarga”, uma ordem a ser seguida apenas por quem está abaixo na hierarquia. “A causa não deve estar a serviço do marketing, e sim o contrário. É importante que faça parte da essência da organização”, diz Gutilla.

Benefícios

A pesquisa também avaliou que há benefícios para as marcas que decidem demarcar um propósito. 71% das pessoas ouvidas apontam uma correlação entre as empresas que assumem compromissos e a disposição delas em testar novos produtos, e a mesma quantidade de entrevistados afirmou que trocaria para consumir em uma empresa liderada por um propósito.

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Outro benefício interessante é que 68% indicou uma disposição maior em perdoar uma empresa com propósito no caso de erros. Para isso é necessário cultivar o relacionamento com os consumidores, já que nenhuma organização é à prova de erros, sejam humanos, sejam tecnológicos. “Caso ocorra um erro, é importante que as pessoas possam perceber que foi acidental, não algo intrínseco à operação. Assim, é mais fácil de receber o benefício da dúvida”, comenta Machado.

Política

Se as pessoas querem que as marcas tenham propósito e podem recompensar posicionamentos ambientais e em prol da diversidade, temas políticos podem se tornar fonte de polêmicas. E, em um cenário altamente polarizado, a situação se agrava porque mesmo temas que poderiam ser consenso acabam se tornando fonte de divisão.

De acordo com a pesquisa, 44% podem parar de comprar ou reduzir os gastos caso a empresa faça comentários públicos num tema político com uma visão oposta ao do consumidor, e 48% teriam essa atitude no caso de uma doação a um candidato que tenha opiniões contrárias.

“Questões muito nobres e importantes vem sendo polarizadas politicamente. A diversidade, por exemplo, é questão de direitos humanos, não de partido político. As empresas têm pouco a ganhar ao apoiarem partidos, mas devem agir para causas que impactam a sociedade. Se acabam se alinhando com partido A ou B, paciência”, avalia Machado.

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Collab

No início de dezembro, a InPress Porter Novelli e a Cause anunciaram uma parceria, que denominam de ‘collab’, para atuarem em conjunto em projetos ESG, auxiliando as empresas que tenham propósito. “O que a collab faz é apoiar as organizações para definirem claramente quais são os objetivos, as metas que serão perseguidas nos próximos três ou cinco anos. A intenção é que elas, tendo em vista o propósito e as demandas da sociedade, possam definir as causas que irão apoiar”, explica Gutilla.

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