Representantes do setor empresarial brasileiro deram início às estratégias de preparação para a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), que ocorrerá em novembro de 2025, no Brasil.
Os executivos do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que representam 116 companhias de grande porte no Brasil, anunciaram a criação de quatro novos cargos de liderança para o grupo, dois deles focados especificamente no evento.
Segundo a entidade, além de consolidar a participação do setor privado na agenda de sustentabilidade do País, as funções terão papel de fortalecer uma aliança internacional pela agenda, junto ao Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês). A organização com líderes mundiais fica sediada em Genebra, na Suíça.
Para a articulação internacional, o cargo de conselheiro sênior para a COP-30 do CEBDS e do WBCSD será ocupado por Marcelo Behar. O executivo, que é sociólogo e advogado formado pela Universidade de São Paulo (USP), foi vice-presidente de sustentabilidade da Natura, atuou como secretário de Assuntos Estratégicos do Brasil e tem mais de 15 anos de experiência em sustentabilidade.
Já a executiva Alessandra Fajardo foi o nome escolhido para atuar como Conselheira Sênior para a COP-30 e Integração Estratégica do CEBDS, com uma concentração maior nas demandas locais. Ela é ex-diretora de Estratégia e Sustentabilidade da Bayer e contabiliza 25 anos de experiência nos temas de agronegócio, relações institucionais e sustentabilidade.
O objetivo da entidade é que ambos, em conjunto com as demais lideranças, possam capitanear a mobilização de empresas para a COP-30. Eles devem também se articular com o “COP-30 CEO Action Advisory Board”, grupo de líderes globais selecionados pelo WBCSD e CEBDS com histórico de engajamento empresarial no Brasil.
De acordo com a diretora de gestão, relações institucionais e comunicação do CEBDS, Daniela Mignani, o movimento feito pela organização tem relação com o grau de importância que a próxima COP tem para o empresariado brasileiro. Ela acredita que a conferência tem o potencial de definir a agenda futura da sustentabilidade no Brasil e no mundo.
“O CEBDS encara a COP-30 não como uma conferência qualquer”, diz a gestora. “Entendemos que o evento será um portal que se abrirá para os próximos 10 anos. No Brasil, certamente teremos uma participação da sociedade civil mais alargada do que nas COPs anteriores, e ela (a COP-30) vai determinar as pautas da próxima década, sejam as de implementação, sejam as das negociações que precisam ser feitas para além da COP-30.″
O caráter global e local de uma COP também exige que uma parceria internacional seja fortalecida, acrescenta a executiva. “A COP tem duas funções, ela é global, mas ela também tem um aspecto local. Então, esse agente global e local vai se misturar muito na COP de 2025, em função de sermos os anfitriões. A nossa relação com o WBCSD, então, é cada vez mais intensificada em função de o Brasil ser solução para desafios (de sustentabilidade).”
Agenda semanal
Inicialmente, as posições das novas lideranças para a COP-30 devem seguir até o final do ano de 2025, com possibilidade de continuidade, diz Mignani. Até lá, elas devem buscar os pontos convergentes entre as estratégias globais do WBCSD e do CEBDS para um fortalecimento mútuo das demandas, em agendas semanais. O trabalho conta ainda com a colaboração da especialista em governança Carolina Landau, como diretora de Relacionamento.
Os principais pleitos e soluções que serão apresentados no evento a partir da aliança internacional ainda serão definidos no próximo ano, mas é esperada uma sinergia com o trabalho atual da organização brasileira voltado para descarbonização da economia, com foco em áreas como agricultura, pecuária, floresta, energia e transportes.
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“Hoje, o CEBDS já está trabalhando nesses cinco eixos de contribuição para o governo, para entender como os setores podem ser aderentes ao Plano Clima (plano do governo federal para mitigação de emissões de gases poluentes) e ao processo de descarbonização do País”, afirma Mignani.
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