A primeira usina de geração de biometano totalmente autossustentável (offgrid) do Brasil foi lançada pelo Grupo Multilixo no município de Jambeiro, em São Paulo, com capacidade de produzir 30.000 m³ por dia de biometano e 170 mil toneladas de créditos de carbono por ano.
Com investimento de R$ 40 milhões na implementação do combustível renovável, a Unidade de Tratamentos e Gestão de Resíduos Sólidos (UTGR), viabilizada a partir da instalação de um gerador movido a biogás com capacidade de 1,2 MW, tem como grande vantagem não precisar de energia externa para operar, usando o próprio biogás produzido no aterro.
Desta forma, o biogás, gerado naturalmente a partir da decomposição da parcela orgânica dos materiais presentes no aterro que a empresa já possuía, é transformado em biometano, possibilitando o uso efetivo do biocombustível.
Com capacidade de processamento de 2.500 m³/hora, o gerente de novos negócios do Grupo Multilixo, Lucas Urias, afirma que o grande trunfo da usina é o fato dela possibilitar a geração de um substituto renovável ao gás natural.
“Com o biometano, as indústrias têm a opção de utilizar combustível renovável em substituição a recursos de origem fóssil, como o gás natural, contribuindo para os objetivos da agenda ESG”, afirma.
Segundo a companhia, uma parcela do gás deve ser usada para atender grandes indústrias do polo industrial de São José dos Campos, interior de São Paulo, tanto no recebimento do biometano, como também no tratamento e na disposição final de resíduos. Em um primeiro momento, a ideia é que a logística de distribuição e venda do produto seja feita por uma empresa parceira especializada nesse mercado.
Créditos de carbono
Outra vantagem da implementação do biometano como fonte central da usina é a possibilidade de geração de créditos de carbono, que também podem ser negociados como ativos financeiros.
Segundo Urias, a iniciativa reduz a emissão de gases de efeito estufa ao aproveitar o metano presente no biogás ao invés de lançá-lo na atmosfera. “O metano é cerca de 23 vezes mais poluente que o gás carbônico. Quando lançado na atmosfera, ele se torna um verdadeiro veneno. A planta ‘captura’ esse metano e o transforma em um combustível”, afirma.
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A companhia também destaca que a ampliação da capacidade de geração do biocombustível já vem sendo estudada, com expectativa de já colocá-la em prática em 2024.
Atualmente, o potencial de geração de biogás da usina é de 5.897 m³/hora, o que corresponde a 2.948 m³/hora de biometano. Segundo a companhia, a expectativa é crescer 20% essa produção em 2024. “Devemos atingir um pico de geração no ano de 2032 (daqui a nove anos)”, afirma Lucas Urias.
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